Emoção e razão na formação docente: representações sociais na EJA

Poliana da Silva Almeida Santos Camargo, Membro dos Grupos de Estudos e Pesquisas – GEPALE-UNICAMP e GEPEP-UNESP, Bauru, São Paulo, Brasil

O artigo “Representações Sociais de Docentes da EJA: afetividade e formação docente” publicado na Educação & Realidade (v. 42, n. 4) apresenta estudo que teve por objetivo analisar as representações sociais dos professores da EJA sobre sua formação docente e a afetividade no processo de ensino-aprendizagem.

Ainda na contemporaneidade, constata-se a inexistência de uma política governamental consistente que subsidie financeiramente e estruturalmente uma educação de qualidade para as pessoas que frequentam as classes da EJA, assim como uma formação adequada para os profissionais da educação que nela atuam.

Diante desse contexto alguns questionamentos se intensificavam: Como os docentes se preparam para ministrar aulas para esse público? Como ocorreu a formação inicial e como ocorre a formação continuada específica para subsidiar a atuação pedagógica na EJA? Como os professores da EJA relacionam razão e emoção em sala de aula? Será que valorizam mais a razão, desvalorizando a emoção, ou vice-versa? Ou conseguem desenvolver um trabalho pedagógico equilibrado entre as dimensões afetiva, cognitiva, política e social?

E a hipótese inicial que as representações sociais (MOSCOVICI, 1978) sobre formação docente (GATTI; GARCIA, 2011; FREIRE, 2013) e afetividade (LEITE, 2006) se estruturam e se interpenetram nas relações afetivas e cognitivas dos professores com os alunos, com os objetos de conhecimento, com o contexto histórico-cultural e direcionam sua prática pedagógica cotidiana, se confirmou ao final da pesquisa.

Professores que atuam no ensino fundamental ciclo I e ciclo II e ensino médio da educação de jovens, adultos e idosos participaram dessa pesquisa.

A característica inovadora é que integra três grandes áreas de conhecimento: afetividade, educação de jovens, adultos e idosos (EJA) e representações sociais.

A referida pesquisa foi realizada em duas instituições, uma a nível municipal (CEJA – Ensino Fundamental – Ciclo I) e a outra em nível estadual (CEEJA – Ensino Fundamental – Ciclo II e Ensino Médio), que administram a EJA num município do interior do Estado de São Paulo. É relevante mencionar, que nessa cidade se constrói a história, de mais de 30 anos, de uma política pública destinada à EJA e os professores realizam concursos específicos para atuar nessa modalidade de ensino. É significativo destacar também que nessa cidade existem escolas específicas para os alunos jovens, adultos e idosos, os chamados polos.

Todos os professores da EJA participantes do estudo não conheceram essa modalidade de ensino durante a formação inicial. Por meio da pesquisa compreende-se o porquê e como se interessaram por ela depois e a escolheram como campo de atuação profissional.

Os resultados demonstram processos de formação continuada e competência técnica fragilizadas; os professores ainda confundem paternalismo e rigorosidade metodológica no desenvolvimento das atividades diárias; relações de equilíbrio entre razão e emoção ainda precisam ser melhor trabalhadas e estudadas no contexto da EJA; políticas públicas ainda são necessárias para embasar formações docentes iniciais e continuadas, atuações pedagógicas e aprendizagens emancipatórias mais eficientes para essa modalidade de ensino.

Referências

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 45. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.

GATTI, B. A. and GARCIA, W. E. Bernadete Gatti – educadora e pesquisadora: textos selecionados. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

LEITE, S. A. S. Afetividade e práticas pedagógicas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.

MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978.

Pare ler o artigo, acesse

CAMARGO, P. S. A. S. Representações Sociais de Docentes da EJA: afetividade e formação docente. Educ. Real. [online]. 2017, vol.42, n.4, pp.1567-1589. [viewed 13 December 2017]. ISSN 0100-3143. DOI: 10.1590/2175-623663306. Available from: http://ref.scielo.org/cfr4xs

Link externo

Educação & Realidade – EDREAL: www.scielo.br/edreal

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

CAMARGO, P. S. A. S. Emoção e razão na formação docente: representações sociais na EJA [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2017 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2017/12/15/emocao-e-razao-na-formacao-docente-representacoes-sociais-na-eja/

 

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