História, Ciências, Saúde – Manguinhos apresenta temas variados em seu segundo número de 2018

César Guerra Chevrand, Jornalista, Casa de Oswaldo Cruz COC/Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Com pesquisas sobre temas variados, o primeiro artigo de destaque da História, Ciências, Saúde – Manguinhos (v. 25, n. 2), trata de “O rábula, o médico e o anspeçada suicida: Evaristo de Moraes, Nina Rodrigues e o atentado que abalou a República” de Helga Cunha Gahyva (2018), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na seção Análise também se encontram artigos sobre a representações da febre amarela e cólera na cidade de Buenos Aires, de Maximiliano Ricardo Fiquepron, e a contribuição de Madel Luz e Emerson Merhy para o pensamento social em saúde, assinado por Maria Cristina da Costa Marques, Áurea Maria Zöllner Ianni, Áquila Mendes e Rafael Mantovani, da Universidade de São Paulo (USP). O exílio do geógrafo Milton Santos (1926-2001) e a formação de sua rede de cooperação são o tema do trabalho de Breno Viotto Pedrosa.

Eustáquio José de Souza Jr., Rodrigo Lopes Miranda e Sérgio Dias Cirino (2018) assinam o artigo “A recepção da instrução programada como abordagem da análise do comportamento no Brasil nos anos 1960 e 1970. O livro de Janet Marcet – Conversations on chemistry” – e as conversas sobre química no século XIX são o assunto do trabalho dos portugueses Isabel Marília Peres e Sérgio Paulo Jorge Rodrigues. Em seu artigo, Paulo Cesar Gonçalves propõe um levantamento das “soluções científicas” levantadas para enfrentar as secas no semiárido brasileiro, entre 1877 e 1879. A peruana Christian Mesía-Montenegro (2018) é autora do texto “Julio Tello as a medical anthropologist: assessing the antiquity of syphilis in ancient Peru”. Por fim, Federico Ferretti, da University College Dublin (Irlanda), analisa o pensamento dos geógrafos anarquistas Elisée Reclus e Pëtr Kropotkin e a sua relação com a ciência moderna.

Carta dos Editores

As polêmicas envolvendo a política de prevenção do HIV com a adoção pelo Brasil da chamada PrEP (Profilaxia pré-Exposição) são o ponto de partida para os editores científicos da HCS-Manguinhos, André Felipe Cândido da Silva e Marcos Cueto, discutirem a persistência de preconceitos arraigados no imaginário social e os estigmas que acompanham certas doenças. O sensacionalismo e os equívocos da imprensa na abordagem sobre o PrEP suscitaram a comparação com outras controvérsias históricas. “O caso recente guarda semelhanças com o histórico das epidemias tradicionais, como febre amarela, cólera e peste bubônica, quando em diversos contextos a imprensa contribuiu para acentuar o pânico social e veicular discursos morais acerca da saúde” (SILVA; CUETO, 2018, p. 313).

André Felipe Cândido da Silva e Marcos Cueto chamam a atenção também para a “afinidade desse tipo de discurso com o avanço do conservadorismo e do fundamentalismo que ocorre no Brasil recente” (p. 312). É neste contexto de adversidades que os editores científicos da HCS-Manguinhos reafirmam a importância do periódico como fornecedor de “instrumental crítico para exame dos eventos e processos que nos atingem”. “Por ingênua ou datada que possa soar a crença no poder transformador do conhecimento, vale reafirmar a convicção de que ele representa componente seguro para entrevermos na penumbra” (p. 313), complementam na carta.

Livros & Redes

Seis resenhas compõem a seção Livros & Redes do número 2 do volume 25 de HSC-Manguinhos. Em Saúde e construção da nação na Indonésia pós-colonial, Eric Carter, da Macalester College (EUA), debate a obra “Science, public health and nation-building in Soekarno-era Indonesia, de Vivek Neelakantan”. A diversidade de atuação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) é o tema da resenha de Luciana Dias de Lima e Henrique Sant’Anna Dias, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), sobre o livro “Saúde coletiva:  a Abrasco em 35 anos de história”. Pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Nelson Aprobato Filho fez seu trabalho sobre a obra de William Leach: “Butterfly people: an American encounter with the beauty of the world”.

O livro do pesquisador e professor da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) Gilberto Hochman, “The Sanitation of Brazil: Nation, State, and Public Health, 1889-1930”, é o objeto da resenha de Eve Buckley, da Universidade de Delaware (EUA). Por uma história institucional da sociologia da saúde é o título do texto do professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Everardo Duarte Nunes sobre “Mapping the sociology of health and medicine:  America, Britain and Australia compared”, de Fran Collyer. Para completar, Martin Scarnatto, da Universidad Nacional de La Plata (Argentina), discute “Mujeres en movimiento: deporte, cultura física y feminidades: Argentina, 1870-1980”, de Pablo Scharogrodsky.

Fontes

Dezoito brasileiros foram indicados ao Prêmio Nobel entre 1901 e 1966. Nove ao Nobel da Paz, quatro ao de Literatura, quatro ao de Fisiologia ou Medicina e um ao de Física. Na seção Fontes, o professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) José Eymard Homem Pittella analisa o banco de dados do Prêmio Nobel como indicador da internacionalização da ciência brasileira neste período. O foco é nas indicações dos cientistas brasileiros à premiação de Física e de Fisiologia ou Medicina e as dos nomeadores brasileiros nestas duas últimas categorias

Carta aos Editores

A nova edição da História, Ciências, Saúde – Manguinhos também traz uma carta resposta de Raphael Câmara Medeiros Parente (2018), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ao artigo “Cesárea, aperfeiçoando a técnica e normatizando 613 a prática: uma análise do livro Obstetrícia”, de Jorge de Rezende. Em seguida, os pesquisadores Andreza Rodrigues Nakano e Claudia Bonan, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), e Luiz Teixeira, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) discutem os argumentos de Raphael Parente no artigo “Cesarianas e saúde pública: uma imbricação necessária”.

Para ler os artigos, acesse

Hist. cienc. saude-Manguinhos vol.25 no.2 Rio de Janeiro Apr./June 2018

Link externo

História, Ciências, Saúde – Manguinhos – HCSM: www.scielo.br/hcsm

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

CHEVRAND, C. G. História, Ciências, Saúde – Manguinhos apresenta temas variados em seu segundo número de 2018 [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2018 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2018/07/17/historia-ciencias-saude-manguinhos-apresenta-temas-variados-em-seu-segundo-numero-de-2018/

 

One Thought on “História, Ciências, Saúde – Manguinhos apresenta temas variados em seu segundo número de 2018

  1. Javé Revela on December 22, 2018 at 20:40 said:

    Juro, não sabia dessas historias, e com certeza muitos brasileiros não tem ideia destes eventos.

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