Fissuras nas concepções de criança e de educação infantil durante o Ensino Remoto emergencial

Lindsey Machado de Oliveira, graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS, Brasil.

Jade Ariane Medeiros Machado, graduanda em Educação Física pela FURG, monitora de Inclusão na Educação Infantil, Rio Grande, RS, Brasil.

Angela Adriane Schmidt Bersch, doutora e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental e professora adjunta do Instituto de Educação da FURG, Rio Grande, RS, Brasil.

Logo do periódico Educação e PesquisaO artigo A corporeidade e a educação infantil: desafios para os docentes no Ensino Remoto Emergencial traz relatos e apontamentos de professores que atuaram com crianças de zero e cinco anos de idade, período da Educação Infantil, na cidade de Rio Grande/RS, durante o ano de 2020 em que escolas foram fechadas devido à deflagração da pandemia de covid-19, como medida de preservação da vida. Logo, para que os vínculos com a educação não fossem interrompidos totalmente, adotou-se o Ensino Remoto Emergencial como alternativa.

Nesse sentido, para a produção dos dados, de forma aleatória, foram escolhidas 8 escolas de Ensino Infantil e 4 professoras de cada instituição para responder aos questionários, totalizando vinte e duas profissionais respondentes. Ao longo dos questionários, as participantes compartilharam experiências de como estavam vivenciando o processo de isolamento e distanciamento social das crianças; como estavam fazendo essa mediação entre os objetivos da Educação Infantil e o método remoto; como e em que momentos as questões de corporeidade estavam sendo abordados com as crianças.

A pesquisa, portanto, permitiu analisar diferentes pontos de vista sobre a pandemia e os processos educativos possíveis. Principalmente, pode-se perceber que a covid-19 trouxe muitos desafios para a Educação Infantil, já que essa etapa é baseada nos movimentos, nas interações e nas brincadeiras. Por isso, percebe-se que reflexos e efeitos dessa Educação Infantil via Ensino Remoto Emergencial serão observados ainda por muito tempo em diversos aspectos do desenvolvimento dessas crianças. Ademais, os professores participantes consideravam as orientações legais como, por exemplo, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEIs) (2010). Contudo, a insegurança na adaptação dos materiais e propostas pedagógicas do presencial para o remoto foi o principal conflito para as docentes.

Além disso, a partir dos dados, conclui-se que as famílias no contexto do Ensino Remoto Emergencial foram de suma importância para garantir a participação das crianças nas propostas pedagógicas. Porém, entendemos que as crianças aprendem uns com os outros, com a interação, com um novo ambiente e com a socialização entre os pares, além dos familiares (FARIA, ASINELLI-LUZ, 2009; CASTRO, ALVES, CASTRO, 2021).

Para mais, no que se refere às interações sociais e aos movimentos corporais, pode-se concluir que houve um rompimento dessas relações, pois muitas vezes as atividades ficaram pautadas no diálogo dos professores com as famílias, as quais iam mediando as interações entre crianças e, por vezes, não respeitando a autonomia delas. Em consonância com os dados apresentados, é possível afirmar que o Ensino Remoto Emergencial ocasionou fissuras no que concerne à concepção de criança, de Educação e aos eixos estruturantes da educação infantil.

Referências

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FARIA, R.R. and ASINELLI-LUZ, A. Díade Professor-Estudante Sob a perspectiva da bioecologia do desenvolvimento humano. In: IX Congresso Nacional de Educação – Educere, III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia, Curitiba, 2009.

IZA, D.F.V. and MELLO, M.A. Quietas e Caladas: as atividades de movimento com as crianças na educação infantil. Educ. rev. [online]. 2009, vol. 25, pp. 283-302 [viewed 24 May 2023]. https://doi.org/10.1590/S0102-46982009000200013. Available from: https://www.scielo.br/j/edur/a/BSPxgkQL5zHgc63gn7kFkkG/

KOHAN, W.O. Tempos de pandemia e necropolítica: ainda há tempo de infância? [online]. Revista Latino Americana del Colégio de Filosofia. 2020 [viewed 24 May 2023]. Available from: https://www.revistalatinoamericana-ciph.org/2020/06/24/tempos-de-pandemia-e-necropolitica-ainda-ha-tempo-de-infancia-por-walter-omar-kohan/

LAGUNA, T., et al. Educação remota: desafios de pais ensinantes na pandemia. Rev. Bras. Saude Mater. Infant. [online]. 2021, vol. 21,suppl. 2, pp. 393-401 [viewed 24 May 2023]. https://doi.org/10.1590/1806-9304202100S200004. Available from: https://www.scielo.br/j/rbsmi/a/PGF37qhRQP9HYFH5TSv89zR/

Para ler o artigo, acesse

OLIVEIRA, L.M., et al. A corporeidade e a educação infantil: desafios para os docentes no ensino remoto emergencial. Educ. Pesqui. [online]. 2023, vol. 49, e265880 [viewed 24 May 2023]. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349265880. Available from: https://www.scielo.br/j/ep/a/ND7DqxW4LWWtnV76QTpVdqB/

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Como citar este post [ISO 690/2010]:

OLIVEIRA, L.M., MACHADO, J.A.M. and BERSCH, A.A.S. Fissuras nas concepções de criança e de educação infantil durante o Ensino Remoto emergencial [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2023 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2023/05/24/fissuras-nas-concepcoes-de-crianca-e-de-educacao-infantil-durante-o-ensino-remoto-emergencial/

 

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