Almir Martins Vieira, Editor-chefe, Revista de Administração Mackenzie – RAM, São Paulo, SP, Brasil.
Vitória Batista Santos Silva, Editora Assistente, Revista de Administração Mackenzie – RAM, São Paulo, SP, Brasil.
A pandemia de Covid-19 trouxe desafios significativos aos profissionais de saúde, especialmente aos enfermeiros, que tiveram papel central nos atendimentos. Além de aumentar significativamente as exigências dos pontos de vista físico e emocional, esses trabalhadores enfrentaram dificuldades para estabelecer limites claros entre a atividade profissional e a vida pessoal.
O conceito de “trabalhador sujo” trata justamente de quem lida com tarefas consideradas desagradáveis ou estigmatizadas, tais como o tratamento de pacientes em estado crítico ou o contato direto com doenças infecciosas. Cenários como esse evidenciaram condições que estão sendo observadas também em outras profissões: um aumento considerável do estresse ocupacional, elevando o risco de casos de Síndrome de Burnout.
A RAM. Revista de Administração Mackenzie publicou o artigo Burnout entre trabalhadores sujos na área da saúde durante a pandemia de Covid-19 (vol. 26, no. 2, 2025), escrito por Ana Flávia Costalonga, Camila Müller e Bruno Felix, um estudo que avalia como as experiências de sobreposição entre trabalho e vida pessoal afetaram o nível de esgotamento profissional de trabalhadores de saúde durante a pandemia, elevando os casos de Burnout em razão do desafio de conservar fronteiras saudáveis entre duas importantes esferas da vida dos profissionais, analisando essa problemática no contexto brasileiro, à luz da Teoria das Fronteiras.
A originalidade da pesquisa reside na aplicação da Grounded Theory, para explorar as experiências dos enfermeiros brasileiros. Por meio de entrevistas com 46 enfermeiros de diferentes regiões brasileiras, o que proporcionou melhor entendimento acerca das dinâmicas envolvidas nas violações das fronteiras e suas implicações para o bem-estar dos profissionais.

Imagem: Pixabay
O estudo enfatiza que, além da intensificação das demandas no campo profissional, fatores como a falta de recursos e o estigma social contribuíram para o esgotamento emocional dos enfermeiros.
Como resultado, foi observado que a pandemia evidenciou e intensificou a sobreposição entre a área profissional e a vida pessoal dos enfermeiros, demonstrando que essas violações podem ser físicas, temporais ou ainda fundamentadas em conhecimento, estando relacionadas aos casos de Burnout.
Eventos de intrusão mostraram maior ligação com demandas de trabalho elevadas, ao passo que eventos de distanciamento tiveram maior relação com escassez de recursos de trabalho. Tais achados corroboram estudos anteriores, como o de Ashforth, Kreiner e Fugate (2000), que discute a importância da gestão eficiente das fronteiras entre trabalho e vida pessoal para a saúde mental dos trabalhadores.
Para ler o artigo, acesse
COSTALONGA, A.F.B., MÜLLER, C.V. and FELIX, B. Burnout among dirty healthcare workers during the COVID-19 pandemic. RAM. Revista de Administração Mackenzie [online]. 2025, vol. 26, no. 2, eRAMG250157 [viewed 21 May 2025]. https://doi.org/10.1590/1678-6971/eRAMG250157. Available from: https://www.scielo.br/j/ram/a/Pnbk6ywMJyDJqY99CT9YyzJ/
Referências
ASHFORTH, B.E., KREINER, G.E. and FUGATE, M. All in a Day’s Work: Boundaries and Micro Role Transitions. The Academy of Management Review [online]. 2000, vol. 25, no. 3, pp. 472-491 [viewed 21 May 2025]. https://doi.org/10.2307/259305. Available from: https://www.jstor.org/stable/259305?origin=crossref
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