Larissa Carniel, estudante de doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil
É comum no ambiente escolar usar os termos “motivado” e “engajado” como sinônimos, mas há uma diferença fundamental: a motivação é um desejo interno, enquanto o engajamento é a manifestação externa dessa vontade, a ação.
Para esclarecer esse e outros pontos sobre um conceito tão importante para a educação, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizaram um estudo de revisão aprofundado sobre o tema. A pesquisa Engajamento estudantil: uma análise dos indicadores, facilitadores e métodos de mensuração em revisões de literatura aponta que, entre todos os fatores que podem impulsionar o engajamento dos alunos, o mais frequente e decisivo é a existência de uma relação de apoio entre professor e aluno.
A motivação para a pesquisa surgiu da necessidade de organizar as diversas definições e modelos sobre o engajamento estudantil, que é um termo frequentemente usado de maneira informal. Os autores Larissa Carniel, Tobias Espinosa e Leonardo Heidemann (2025) realizaram uma revisão de literatura sistemática, analisando 52 artigos de revisão já publicados sobre o assunto nas bases de dados Scopus e Web of Science. A análise não se restringiu a um nível educacional ou modalidade de ensino específicos, buscando uma compreensão ampla do fenômeno.

Imagem: Pixabay
Entre os principais resultados, identificaram-se quatro grandes perspectivas para entender o engajamento: comportamental, psicológica, sociocultural e integrativa. Foram mapeados 18 fatores que facilitam o engajamento, classificados em quatro categorias: relações de apoio entre professor e aluno, práticas docentes, elementos ambientais e fatores pessoais.
Além disso, foram encontrados seis métodos de mensuração, sendo os questionários os mais utilizados nas pesquisas e a observação em sala de aula, a mais recomendada pelos especialistas. Os resultados oferecem um guia prático para que docentes e gestores possam implementar práticas pedagógicas que de fato fomentem o engajamento, algo fundamental tanto para o dia a dia da sala de aula quanto para a formação de novos professores.
Como desafios e projeções futuras, destaca-se que a maioria dos modelos de engajamento não parte de uma teoria única, mas sim da mobilização de diversos conceitos de pesquisas empíricas. Um ponto crítico é que as escalas de medição existentes foram, em sua maioria, desenvolvidas no Norte Global e precisam ser adaptadas e validadas para serem aplicadas em outros contextos, como o brasileiro.
Assim, reforça-se a necessidade de adotar modelos multidimensionais, que considerem não apenas os aspectos comportamentais, mas também os cognitivos, emocionais e socioculturais para uma compreensão mais completa do engajamento estudantil.
Para ler o artigo, acesse
CARNIEL, L., ESPINOSA, T. and HEIDEMANN, L. Engajamento estudantil: uma análise dos indicadores, facilitadores e métodos de mensuração em revisões de literatura. Educação em Revista [online]. 2025, vol. 41, e53973 [viewed 3 July 2025]. https://doi.org/10.1590/0102-469853973. Available from: https://www.scielo.br/j/edur/a/YDwd6XcfqpCbQPnhjZ5ShwS
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