Rosa Emilia Moraes, Jornalista Científica, Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil.
Entre os psicodramatistas, a discussão sobre aplicação da terapia em formato online é uma questão anterior à pandemia. Porém, com restrições impostas pela Covid 19 quando o único meio possível de manter as reuniões do grupo seria através dos encontros online, estes deixaram definitivamente de ser uma alternativa experimental, trazendo aos clientes e terapeutas a oportunidade de explorarem todas as peculiaridades que a via oferece.
Porém, uma vez que as reuniões virtuais não congregam os membros do grupo em um mesmo espaço físico, perde-se um dos elementos fundamentais do método psicodramático, que é o palco.
Surge então a dúvida: seria possível, em um ambiente virtual, avançar pelos fatores terapêuticos do método – action catharsis, action insight, action learning, corrective emotion experience and reintegration of the new experience – tanto quanto na sessão em sala de terapia?
Através da análise de um caso vivenciado por ela mesma em sua atuação como terapeuta, a Dra. Galabina Tarashoeva, do Psychodrama Center Orpheus em Sofia, Bulgária, discorre em seu artigo sobre os efeitos imprevistos decorrentes de alguma intempérie no espaço individual de um membro do grupo que esteja designado como ego auxiliar e o impacto que isso terá sobre o coletivo.
A autora descreve uma sessão online durante um fim de semana de treinamento no qual ocorria um trabalho centrado em uma protagonista. Porém, um imprevisto individual com um membro do grupo que desenvolveria o papel de ego auxiliar deflagrou um processo ainda mais profundo na protagonista, resultando em uma intensa e necessária experiência pessoal.
A minuciosa descrição da sessão e do processo de análise pelo staff e pelo próprio grupo é amparada nas anotações dos terapeutas e dos trainees e na transcrição das sessões de análise registrada em vídeo. Na ocasião a autora dividia a supervisão do treinamento com outro diretor, sendo escolhida pelo membro protagonista para assumir a direção quando se instalou a crise no grupo e a diretora em treinamento pediu licença do papel, vendo-se despreparada para gerir o conflito de confiança que apresentou-se entre o protagonista e os outros membros do grupo.
Com essa experiência, a autora conclui que o psicodrama online pode ser tão eficaz quanto a terapia in loco, guardando suas especificidades e peculiaridades. Trata-se de um desafio para o terapeuta não perder o controle do setting e estar preparado para seguir o processo do protagonista. O psicodrama realizado online não é, então, uma forma precária de aplicação da terapia, mas um novo formato prático que se apresenta com desdobramentos e horizontes ainda a serem explorados.
Leia mais
HUDGINS, M.K. Action Across the Distance with Telemedicine: The Therapeutic Spiral Model to Treat Trauma-Online. In: BROOKE, S.L. (Ed.). Combining the creative therapies with technology: Using social media and online counseling to treat clients. Springfield: Charles C Thomas Publisher, 2017.
MORAES, R.E. Psicodrama online: um novo palco para os desafios do pós-pandemia [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2022 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2022/04/18/psicodrama-online-um-novo-palco-para-os-desafios-do-pos-pandemia/
Entre os psicodramatistas, a discussão sobre aplicação da terapia em formato online é uma questão anterior à pandemia. Porém, com restrições impostas pela Covid 19 quando o único meio possível de manter as reuniões do grupo seria através dos encontros online, estes deixaram definitivamente de ser uma alternativa experimental, trazendo aos clientes e terapeutas a oportunidade de explorarem todas as peculiaridades que a via oferece.
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