Rafael Fernandes Mendes dos Santos, professor, Departamento de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Bahia, BA, Brasil.
O artigo Autoconhecimento, Normatividade e Responsabilidade na Filosofia da Linguagem Ordinária de Stanley Cavell, publicado na Trans/Form/Ação (2024, vol. 47, no. 6), explora como a filosofia da linguagem ordinária (FLO) de Cavell relaciona-se com o autoconhecimento por meio dos usos cotidianos da linguagem. Discute-se a normatividade e a responsabilidade pessoal nas comunicações intersubjetivas, onde usos significativos da linguagem são compartilhados. A FLO é apresentada como um método de autoconhecimento, enfatizando a importância de reconhecer e comunicar verdades pessoais que, muitas vezes, buscamos ocultar de nós mesmos e da comunidade.
Segundo Stanley Cavell, o autoconhecimento é um processo que está relacionado à nossa capacidade de levar em conta os desafios da comunicação. Nesse sentido, o ato de compreender a si mesmo é continuamente mediado pelas palavras que usamos e contextos em que nos encontramos. Além disso, se constitui como um processo dinâmico que requer um envolvimento ativo com a linguagem e com o mundo ao nosso redor.
Cavell argumenta que a linguagem ordinária é repleta de normas implícitas, que orientam nosso comportamento e definem o que é considerado inteligível em diferentes contextos. Essa normatividade é essencial para a construção da responsabilidade de reconhecer que nossas palavras têm consequências. Contudo, o filósofo afirma, em circunstâncias filosoficamente confusas, que se deve apelar à comunidade.
Tal apelo deve ser dirigido aos seus membros, que também devem assumir responsabilidades sobre a manutenção do significado ou da compreensibilidade de alterações no entendimento dos usos da linguagem. Aceitar a responsabilidade pelo reconhecimento ou rejeição dos usos da linguagem é parte integrante do autoconhecimento; ao reconhecermos o impacto que temos sobre os outros, podemos nos tornar mais conscientes de nós mesmos.
A filosofia da linguagem ordinária de Cavell é um chamado à reflexão sobre a maneira como falamos e sobre a realidade que criamos por meio da linguagem. Ele sugere que a verdadeira clareza na comunicação só pode ser atingida quando aceitamos nossas limitações e quando nos permitimos ser vulneráveis em nossos relacionamentos com os outros.
Suas ideias sobre autoconhecimento, normatividade e responsabilidade apresentam uma abordagem profunda e interconectada à linguagem. Ele nos convida a pensar criticamente sobre como a linguagem molda nossa identidade e nossas relações, destacando que o autoentendimento é um projeto contínuo de negociação entre o que dizemos, como dizemos e o que fazemos.
Essa perspectiva destaca a importância da comunicação autêntica e da responsabilidade como fundamentos para a construção de uma vida mais consciente e engajada. O autoconhecimento que resulta dessa prática diz respeito então à elisão ou não de uma responsabilidade pessoal pelo significado, de como uma pessoa pode entender a si mesma e os outros diante desse exercício de assumir uma entre várias maneiras de continuar dando significado a vida comum.
SANTOS, R.F.M. Autoconhecimento e recuperação do senso de comunidade na filosofia de Stanley Cavell [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2025 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2025/03/17/autoconhecimento-e-recuperacao-do-senso-de-comunidade-na-filosofia-de-stanley-cavell/
O artigo Autoconhecimento, Normatividade e Responsabilidade na Filosofia da Linguagem Ordinária de Stanley Cavell, publicado na Trans/Form/Ação (2024, vol. 47, no. 6), explora como a filosofia da linguagem ordinária (FLO) de Cavell relaciona-se com o autoconhecimento por meio dos usos cotidianos da linguagem. Discute-se a normatividade e a responsabilidade pessoal nas comunicações intersubjetivas, onde usos significativos da linguagem são compartilhados. A FLO é apresentada como um método de autoconhecimento, enfatizando a importância de reconhecer e comunicar verdades pessoais que, muitas vezes, buscamos ocultar de nós mesmos e da comunidade.
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