Maria Geralda de Almeida, Professora Doutora do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil
Maria Geralda de Almeida discorre em seu estudo que, por meio da comida, acentua-se a função social do alimento na manifestação dos sentimentos que contribuem para socializar os indivíduos como membros de sua comunidade. Neste caso, sua função principal é contribuir na manutenção da estrutura social e, em consequência, do sistema, de forma que o seu valor é mais social que nutritivo. É, também, simbólico.
Diferenciando a comida da alimentação, esta também figura como uma via privilegiada para se refletirem as manifestações do pensamento simbólico e, em dadas ocasiões, como uma forma de simbolizar a realidade. Criamos categorias de alimentos: saudáveis e não saudáveis, convenientes e inconvenientes, ordinários e festivos, bons e ruins, quentes e frios, puros e impuros. E, mediante essas classificações, construímos as normas que regem nossa relação com a comida e, inclusive, nossas relações com as demais pessoas, de acordo, também, com suas diferentes categorias. Aliás, o mecanismo que impede servir arroz com feijão em uma festa de casamento é o mesmo que normatiza ser adequado oferecer cachaça para homens e licor para mulheres.
Esse mecanismo está pautado por um sistema de crenças e valores existentes em qualquer cultura e pode determinar que alimentos fossem objetos de aceitação ou de rejeição em cada situação e por cada tipo de pessoa. Presentemente, o açúcar, conforme relatado, passou de medicamento a condimento de luxo entre a elite, para depois se tornar extremamente popular. Nos últimos anos, entretanto, assiste-se a uma sacarofobia crescente. Para além dos valores simbólicos e econômicos atribuídos a certos alimentos, os homens, na relação com a comida, desfrutam da capacidade de superar suas primeiras reações e de se adaptar a determinados alimentos cujo sabor, inicialmente, os desagrada.
Feito com base na etnogeografía, o conteúdo instiga o leitor a considerar o sentido do paladar como meio de percepção e conhecimento da natureza. Igualmente, a refletir nos significados culturais do que e como comemos e, que nos fazem sermos diversos e plurais, portadores de identidade alimentar singular.
O artigo “Para além das crenças sobre alimentos, comidas e sabores da natureza” publicado no periódico Mercator é vinculado ao Projeto Identidades territoriais e políticas de desenvolvimento territorial e ambiental na Reserva da Biosfera Cerrado – Goiás. Bolsa CNPq/PQ Produtividade e ao Projeto Ambiente, mulher e cidadania nas comunidades tradicionais no território da cidadania do Vão do Paranã e da RVS Veredas do Oeste Baiano. CHAMADA MCTI/CNPQ/MEC/CAPES Nº 22/2014 – CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E SOCIAIS APLICADAS.
Para ler o artigo, acesse
ALMEIDA, M. G. Beyond beliefs about food and the flavors of nature. Mercator (Fortaleza) [online]. 2017, vol.16, 16e006. [viewed 10 April 2017]. ISSN 1984-2201. DOI: 10.4215/rm2017.e16006. Available from: http://ref.scielo.org/dcjjhg
Links externos
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Laboratório de Estudos e Pesquisas das Dinâmicas Territoriais: https://laboter.iesa.ufg.br/
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