A hospitalização impacta a funcionalidade de idosos? E para os que têm Síndrome da Fragilidade?

Rafael Vera Cruz de Carvalho, assistente editorial, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Carvalho e colaboradores da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, de Botucatu (SP), no artigo “Impacto da hospitalização na funcionalidade de idosos: estudo de coorte”, publicado na Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (RBGG, v. 21, n. 2), verificaram que idosos apresentaram pior funcionalidade na alta hospitalar em comparação com o momento pré-internação. Além disso, idosos com Síndrome de Fragilidade tiveram resultados funcionais piores após a alta. A lacuna que os autores apontam é que a maioria dos estudos avalia o declínio funcional do idoso somente na internação e não acompanham a fase pós-alta.

Participaram deste estudo de corte 99 idosos. Os autores utilizaram a Escala de Katz para avaliar a funcionalidade através das atividades básicas de vida diária (ABVD): ações relacionadas ao autocuidado, como banho, higiene pessoal, capacidade de se vestir, alimentação, transferência e continência. Para avaliar a Síndrome da Fragilidade, utilizaram o Fenótipo de Fragilidade de Fried, onde o paciente é considerado frágil se positivo para três dos cinco domínios: perda de massa corpórea, redução de energia, fraqueza muscular (medida pela diminuição da força de preensão palmar), baixo nível de atividade física e redução na resistência muscular. Os momentos em que as avaliações foram feitas são: M0 – linha de base, referente a 15 dias antes da internação; M1 – na internação; M2 – na alta; M3 – 30 dias após a alta.

Estudos brasileiros anteriores não tinham feito o acompanhamento desta condição, chamada de incapacidade associada à hospitalização (IAH) (CHODOS et al., 2015). Os autores sugerem que toda a equipe de saúde atente para condições que possam eventualmente limitar a mobilidade dos idosos, como manutenção prolongada de cateteres e acessos venosos, permanência prolongada no leito, ações que interrompam o sono noturno etc. Recomendam medidas como deambulação precoce, fisioterapia, programa de alta precoce e orientações e explicações sobre os cuidados no pós-alta. E que os idosos sejam avaliados quanto à funcionalidade durante e após a internação, prevenindo a IAH, especialmente nos casos em que os pacientes forem classificados como frágeis. A equipe de saúde precisa estar atenta as necessidades de cuidado relacionadas à funcionalidade, tendo em mente que muitos pacientes não serão tão independentes e não será tão fácil realizarem suas atividades básicas de vida diária quando retornarem ao seu lar após a alta e no mês subsequente, como era antes de serem internados.

Esperamos que a leitura deste e dos demais artigos do número 2 de 2018 seja muito proveitosa e suscite reflexões sobre os cuidados relativos à funcionalidade na alta hospitalar de idosos.

Referência

CHODOS, A. H. et al. Hospitalization-Associated Disability in Adults Admitted to a Safety-Net Hospital. J Gen Intern Med., v. 30, n. 12, p. 1765-1772, 2015. ISSN: 0884-8734 [reviewed 18 May 2018]. DOI: 10.1007/s11606-015-3395-2. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25986139

Para ler o artigo, acesse

CARVALHO, T. C. et al. Impact of hospitalization on the functional capacity of the elderly: A cohort study. Rev. bras. geriatr. gerontol. [online]. 2018, vol.21, n.2, pp.134-142. [viewed 10 July 2018]. ISSN 1809-9823. DOI: 10.1590/1981-22562018021.170143. Available from: http://ref.scielo.org/nt494w 

Links externos

Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia – RBGG: www.scielo.br/rbgg

Site da RBGG: www.rbgg.com.br