Origem, desenvolvimento e atualidade do conceito da Era Axial

Carlos Eduardo Sell, bolsista de produtividade Cnpq nível 1D,  professor, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.

Daiane Eccel, professora, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.

Logo do periódico TransformaçãoInvestigamos o conceito de Era Axial, tanto no âmbito histórico e filosófico quanto científico-social. Com base nessa revisão histórica panorâmica, discutimos como alguns autores contemporâneos atualizam o conceito a fim de compreender, para além de todo tipo de evolucionismo ou eurocentrismo, a realidade global atual.

Ao percorrer cada uma dessas etapas – incluindo autores do século XVIII até o XXI (Anquetil Duperron, Jean-Pierre Abel Rémusa, Victor von Strauss, Edward Roth, Erns von Lasaulx, John Stuart Stuart-Glennie, Alfred Weber, Karl Jaspers, Shmuel Eisenstadt, Robert Bellah, Jan Assmann e Jürgen Habermas), apontamos os elementos de continuidade que dão unidade ao conceito, mas também destacamos suas particularidades e especificidades em cada período e em cada pensador que o emprega. Isso nos abre caminho para, sem ignorar seus limites, destacar suas contribuições no contexto da reflexão sobre as múltiplas formas do moderno.

Nosso primeiro objetivo, portanto, é de caráter histórico-epistemológico, e o segundo de caráter crítico-sistemático.

Do ponto de vista histórico-epistemológico, o artigo O conceito de era axial: raízes, desenvolvimento e atualidade da Trans/Form/Ação (vol. 47, no. 6, 2024) delimita as diferentes interpretações do conceito de Era Axial que foram elaboradas por diversos autores em três momentos.

No primeiro, destaca-se o papel dos precursores desta noção (no campo da filologia e da história), pois são eles que lançam as bases do conceito.

Depois, a exposição destaca a contribuição singular de Jaspers, que eleva o conceito a uma dimensão histórico-filosófica.

Imagem de um mapa em preto e branco sobre a Era Axial

Imagem: Qconcursos

Na terceira parte, discute-se a retomada do conceito no campo da teoria social em três autores contemporâneos: Shmuel Eisenstadt, Robert Bellah e Jürgen Habermas, bem como o egiptólogo Jan Assmann.

Ao descrever historicamente e caracterizar teoricamente os principais autores de cada uma dessas fases, destacamos como o conceito sofre dois importantes deslocamentos epistemológicos. O primeiro diz respeito à forma, pois enquanto em seu uso histórico-filosófico, predominante nas duas fases iniciais, os autores destacavam ao elemento de unidade do diverso (ou seja, a simultaneidade de civilizações em um determinado tempo eixo), no campo da teoria social enfatiza-se o elemento da diversidade na unidade (ou seja, as diferentes formas do ser moderno).

Já o segundo deslocamento diz respeito ao conteúdo, pois enquanto nas duas fases iniciais os autores investigaram as civilizações pré-modernas, no campo da teoria social ele passa a ser utilizado para entender predominantemente a civilização moderna.

Imagem com o desenho dos rostos de grandes nomes da filosofia pintados de branco em um fundo cinza

Imagem: Pressreader

Do ponto de vista crítico-sistemático, o artigo se preocupa em demonstrar que: apesar de autores, como Robert Bellah, terem feito um uso do conceito a partir de uma perspectiva evolucionista e apesar das oscilações em sua compreensão, o conceito repousa, em última instância, sobre uma lógica cosmopolita e plural. Em segundo lugar, é importante destacar que, independentemente das mudanças no uso do conceito, há um elo comum perpassando cada fase da discussão.

Diante da necessidade de que nosso olhar para o mundo atual seja cada vez mais amplo e plural, transcendendo o enraizamento intelectual em apenas uma região do mundo (que é tomada como parâmetro exemplar de comparação), o conceito de era axial representa uma importante possibilidade de pensar o nosso tempo de modo cosmopolita e global.

Para ler o artigo, acesse

SELL, E.C. and ECCEL, D. O conceito de era axial: raízes, desenvolvimento e atualidade. Trans/Form/Ação [online]. 2024, vol. 47, no. 6, e02400293 [viewed 12 March 2025]. https://doi.org/10.1590/0101-3173.2024.v47.n6.e02400293. Available from: https://www.scielo.br/j/trans/a/T8KR7WmjFCqNhHhNkn6myMk/

Referências

EISENSTADT, S.  Modernidades Múltiplas. Lisboa: Livros Horizonte, 2001

HABERMAS, J. Auch eine Geschichte der Philosophie. Berlim: Suhrkamp Verlag, 2019

JASPERS, K. Vom Ursprung und Ziel der Geschichte. Berlim: Schwabe, 2017

SCHLUCHTER, W. A modernidade: uma nova (era) cultura axial?. Política e Sociedade: revista de sociologia política [online]. 2027, vol. 16, no. 36 [viewed 12 March 2025]. https://doi.org/10.5007/2175-7984.2017v16n36p20. Available from: https://periodicos.ufsc.br/index.php/politica/article/view/2175-7984.2017v16n36p20

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Como citar este post [ISO 690/2010]:

SELL, E.C. and ECCEL, D Origem, desenvolvimento e atualidade do conceito da Era Axial [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2025 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2025/03/12/origem-desenvolvimento-e-atualidade-do-conceito-da-era-axial/

 

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