José Batista Dal Farra Martins, Pesquisador Sênior, Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), São Paulo, SP, Brasil.
O artigo Teatros do som: escuta, imersão, estranhamento, publicado pela Revista Brasileira de Estudos da Presença (vol. 14, no. 4, 2024), enfoca a sonoridade teatral no jogo dialético entre estranhamento e imersão, quer dizer, entre historicizar e submergir na substância sonora. Esse percurso exige uma reflexão sobre os gestos de escuta, isto é, formas de se colocar à escuta: deixar que as vibrações simpaticamente nos penetrem, flutuem distraidamente na imaginação, sejam exaustivamente recortadas e estudadas, revelem o lado secreto do sentido, o avesso dos ruídos, sons, silêncios, palavras.
No contato com a diversidade de pesquisas e obras teatrais contemporâneas que versam sobre esse tema, o ensaio dialoga com o filósofo Enrico Pitozzi, escuta vocalidades das atrizes Ermanna Montanari e Maria Alice Vergueiro, estuda composições cênicas dos músicos Luigi Ceccarelli e Heiner Goebbels, em confronto com as ideias teatrais dos dramaturgos Oduvaldo Vianna Filho e Bertolt Brecht.
Imagem: Maria Alice Vergueiro em cena de A boca (Not I), de Samuel Beckett. Direção de Rubens Rusche. 1986. Fotograma de vídeo. Acervo Biblioteca Raul Cortez, ESCH.
Estranhamento e imersão são polos em tensão dialética, sugere no final o itinerário percorrido em Teatros do som: escuta, imersão, estranhamento. Quando abordava a distância necessária para a relação artística e pedagógica, a inesquecível mulher-de-teatro Myrian Muniz dizia: “é preciso se colocar nem tão próximo que não seja possível se afastar, nem tão distante que não se possa aproximar”. Trata-se, portanto, de calibrar distâncias.
MARTINS, J.B.F. Nos Teatros do Som, o som encena a escuta entre imersão e estranhamento [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2025 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2025/04/01/nos-teatros-do-som-o-som-encena-a-escuta-entre-imersao-e-estranhamento/
O artigo Teatros do som: escuta, imersão, estranhamento, publicado pela Revista Brasileira de Estudos da Presença (vol. 14, no. 4, 2024), enfoca a sonoridade teatral no jogo dialético entre estranhamento e imersão, quer dizer, entre historicizar e submergir na substância sonora. Esse percurso exige uma reflexão sobre os gestos de escuta, isto é, formas de se colocar à escuta: deixar que as vibrações simpaticamente nos penetrem, flutuem distraidamente na imaginação, sejam exaustivamente recortadas e estudadas, revelem o lado secreto do sentido, o avesso dos ruídos, sons, silêncios, palavras.
Últimos comentários