Mário Renato Lobato da Silva, Apoio técnico editorial, Curitiba, PR, Brasil
A primeira edição da urbe de 2017 apresenta dez artigos que abordam diferentes procedimentos de planejamento urbano e desenvolvimento regional.
Entre os destaques está o artigo “Planejamento urbano participativo por meio da utilização de novas tecnologias: uma avaliação por especialistas” que apresenta uma pesquisa entre arquitetos e urbanistas que trabalham com planejamento urbano, planos e projetos do Estado do Rio Grande do Sul. Analisou-se que novas abordagens metodológicas, que façam uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG), podem aperfeiçoar os processos de participação pública no planejamento urbano, tendo como resultado principal a aceitação quanto à participação pública e à utilização de novas ferramentas. Observou-se ainda, que a Participação Pública com Sistema de Informação Geográfica (PPSIG) pode auxiliar na difícil tarefa de incorporar a perspectiva do usuário do espaço urbano.
O artigo “Governança multinível para o desenvolvimento regional: um estudo de caso do consórcio intermunicipal da fronteira” aborda o Consórcio Intermunicipal da Fronteira (CIF), que é constituído na forma de associação pública pelos municípios brasileiros de Barracão (PR), Bom Jesus do Sul (PR) e Dionísio Cerqueira (SC), e pelo município argentino de Bernardo de Irigoyen (Misiones). Nesse contexto, a teoria da governança multinível apresenta uma nova perspectiva para buscar compreender as relações tecidas nos mais diversos níveis governamentais e não governamentais, podendo ser um importante instrumento para o processo de desenvolvimento regional em territórios fronteiriços. Assim, tendo como base o estudo do CIF, verificou-se que a governança multinível contribui para o melhoramento das relações intergovernamentais no contexto federativo brasileiro, funcionando como elo entre a intenção e a realização concreta do desenvolvimento regional impulsionado desde a base, possibilitando a inserção democrática no processo.
Destaca-se, ainda, o artigo “Urbanismo comercial em Phoenix: um estudo de quatro formatos comerciais no Arizona”, o qual retrata a relação entre as atividades comerciais e o crescimento das cidades. A área metropolitana de Phoenix, Arizona, (EUA), é utilizada como estudo de caso pela sua rápida e recente evolução na construção de uma mistura de formatos tradicionais, modernos e pós-modernos, assim como pelas transformações e adaptações decorrentes da crise financeira global de 2008. Discute-se desta forma, as características de quatro formatos comerciais nesta área metropolitana: 1. O mercado público de Phoenix; 2. Um lifestyle center em Scottsdale, 3. O centro comercial Tempe Market Place em Tempe e 4. Uma área comercial no terminal quatro do aeroporto internacional Sky Harbor.
Os demais trabalhos abordaram diferentes pesquisas envolvendo estudos de caso de outras cidades brasileiras e norte-americanas. O trabalho “Planejamento da Região Metropolitana de Curitiba como objeto de estudo: análise sobre a produção bibliográfica no período de 1974-2006”, discute o conteúdo das pesquisas elaboradas nesse período, centradas, em um primeiro momento, sobre as transformações nos espaços urbanos e metropolitanos. A partir de então novos temas começaram a ser analisados, como periferização, questões sociais e ambientais, e condições econômicas. A pesquisa “Mensuração da satisfação dos usuários do sistema municipal de estacionamento rotativo pago”, realizada na cidade de Bagé (RS), identifica a percepção dos usuários do serviço público de estacionamento rotativo pela aplicação do modelo European Customer Satisfaction Index (ECSI). Mensuram-se as relações que envolvem os usuários do sistema, uma vez necessária a conquista da sua lealdade por intermédio da maximização da sua satisfação, identificando, ainda, aspectos tidos como valores importantes para o cliente.
Por sua vez, o artigo “Considerações sobre o bairro e a vizinhança a partir do filme Smoke” traz uma reflexão sobre o filme Smoke (Cortina de Fumaça), de 1995, de Paul Auster e Wayne Wang, de onde extraíram-se elementos para uma leitura sobre a dinâmica urbana e as relações sociais que se estabelecem em torno de um comércio no Brooklyn, em Nova Iorque (EUA). No concernente à pesquisa “Ocupação urbana, redes sociais e territorialização da resistência: o caso de Aparecida de Goiânia, Brasil”, buscou-se explicitar como a cultura urbana – entendida como movimento cotidiano central das cidades – estabelece com a paisagem uma relação de resistência à dinâmica global que adentra os espaços; nesse caso abordando as materialidades culturais que são percebidas na paisagem de Aparecida de Goiânia. Já no artigo “Motivos da escolha do automóvel no acesso a megaeventos: caso da Copa das Confederações 2013, Rio de Janeiro”, apresenta-se que a realização de megaeventos implica em inúmeros e significativos impactos, em especial na mobilidade urbana; neste artigo é descrito o estudo de caso a Copa das Confederações de 2013, na qual o automóvel foi o meio de transporte mais utilizado em detrimento à utilização de transportes públicos e/ou não motorizados.
O trabalho “Território, territorialidade e fronteira: o problema dos limites municipais e seus desdobramentos em Belém/PA”, relata sobre as imprecisões e inadequações nas leis no que se refere ao estabelecimento dos limites fronteiriços de Belém (PA), com outros municípios. Isso resulta em conflitos cartográficos, de gestão pública, além da divisão de ocupações/conjuntos habitacionais, acarretando uma série de problemas aos gestores municipais e, principalmente, aos moradores das áreas em conflito. Por fim, a pesquisa “A gestão municipal de resíduos sólidos e as ações de sustentabilidade: um estudo realizado em um município do Centro Oeste do Paraná” objetivou identificar e analisar aspectos da sustentabilidade na gestão municipal de resíduos sólidos em um município do Centro-Oeste do Paraná, onde verificou-se que os aspectos da sustentabilidade na gestão municipal de resíduos sólidos ainda não estão perfeitamente alinhados a outros assuntos relacionados à gestão – ou que ainda não são de conhecimento de toda população.
A urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana é um periódico de estudos urbanos, de frequência quadrimestral, online e de acesso aberto.
Para ler os artigos, acesse
urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana vol.9 no.1 Curitiba Jan./Apr. 2017
Link externo
Revista urbe – URBE: www.scielo.br/urbe
Como citar este post [ISO 690/2010]:
A urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana é um periódico de estudos urbanos, de frequência quadrimestral, online e de acesso aberto.
Pingback: Revista Urbe —Estatuto da Metrópole: a governança interfederativa - Observatório das Metrópoles