Guilherme Viana, Assistente editorial da Revista Contabilidade & Finanças, São Paulo, SP, Brasil
A academia tem a função de produzir conteúdo e estimular a discussão por meio da circulação de suas ideias, mas por vezes é questionada sobre a aplicabilidade de suas teorias fora dos muros das universidades, como discutido por Basu (2012), Moser (2012) e Waymire (2012). Esta questão pertinente é a base para o Editorial da edição 73 do periódico Revista Contabilidade & Finanças, desenvolvido por Frank G. H. Hartmann, professor da Erasmus University, na Holanda. No Editorial, o autor trata da distância percebida entre o ensino acadêmico e a prática popular na área de Contabilidade e Finanças.
Por meio do termo conhecimento contábil verdadeiro, que para o autor “inclui o conhecimento contábil que os atores do mundo da contabilidade podem realmente colocar em uso” (p. 7), Hartmann reflete sobre o quanto o conhecimento contábil esteja de fato atingindo a realidade fora da teoria, a despeito do crescimento em quantidade e qualidade das pesquisas acadêmicas contábeis. O diálogo interdisciplinar ocorre, segundo o autor, em mão única, tendo a contabilidade importado várias questões e ideias de outras disciplinas, mas contribuído pouco com outras disciplinas em relação àquilo que ela própria produz. Sendo assim, há que se questionar dentro da contabilidade a maneira como se produz o conhecimento e a motivação para seguir produzindo-o, que deve ser o agente contábil.
Hartmann estrutura seu pensamento em níveis de análise: o pessoal, vendo “o contador como um agente livre” (p. 8) e dando a ele soluções práticas por meio de termos significativos; o suprapessoal, vendo “o contador como parte de um sistema maior” (p. 9) e analisando o seu comportamento em macroestruturas, como o mercado econômico; e o subpessoal, vendo “o contador como uma coletânea de processos internos” (p. 9) e analisando a tendência de seu pensamento pela neurociência cognitiva e social.
Ao final de seu texto, o autor deixa claro que seu objetivo era “um argumento preliminar para uma compreensão mais aprofundada da divisão entre a teoria contábil e a prática contábil” (p. 10), com o intuito de auxiliar de algum modo no desenvolvimento mais eficaz da pesquisa contábil a fim de superar barreiras entre a teoria acadêmica e a prática popular. Contudo a reflexão se aplica a outras áreas de negócios.
Referências
BASU, S. How can accounting researchers become more innovative? Accounting Horizons, v. 26, n. 4, p. 851-870, 2012.
MOSER, D. Is accounting research stagnant? Accounting Horizons, v. 26, n. 4, p. 845-850, 2012.
WAYMIRE, G. Introduction for essays on the state of accounting scholarship. Accounting Horizons, v. 26, n. 4, p. 817-819, 2012.
Para ler o artigo, acesse
HARTMANN, F. G. H. Accounting research: between natural science and practice. Rev. contab. finanç. [online]. 2017, vol.28, n.73, pp.7-10, ISSN 1808-057X [viewed 04 April 2017]. DOI: 10.1590/1808-057×201790160. Available from: http://ref.scielo.org/29hg6t
Link externo
Revista Contabilidade & Finanças – RCF: www.scielo.br/rcf/
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