Luiz Carlos Bresser-Pereira, Editor da Revista de Economia Política, São Paulo, SP, Brasil
O volume 36, número 4 de 2016 da Revista de Economia Política apresenta dois trabalhos que discutem a teoria presente em O Capital no Século XXI. Para Thomas Piketty, a tendência ao aumento das desigualdades econômicas decorre do fato de a taxa de lucro ser geralmente maior do que a taxa de crescimento do PIB. Desta maneira, o estoque de riqueza cresceria mais rapidamente do que o aumento da produção, e, em consequência a renda se concentraria cada vez mais. Como a análise teórica de Piketty tem certa semelhança com a tendência à queda da taxa de lucro de Marx, Marques e Leite no artigo “Notas críticas sobre O Capital no século XXI de Thomas Piketty” fazem sua crítica a partir da perspectiva marxista, mostrando como falta a Piketty um referencial teórico sólido. A contribuição de Piketty é empírica, definitivamente não é teórica. Dávila-Fernández e Oreiro em “Piketty à luz de Pasinetti e Foley: Distribuição de renda, crescimento balanceado e fragilidade financeira”, por sua vez, fazem sua crítica teórica a Piketty a partir de Luigi Pasinetti e de Duncan Folley, este, marxista, e concluem também que falta solidez teórica a Piketty, principalmente porque ele confunde capital com riqueza.
Os demais artigos que tratam de temas da economia como o de Vieira e Damasceno “Desalinhamento cambial, volatilidade cambial e crescimento econômico: uma análise para a economia brasileira (1995-2011)” apontam que a subvalorização cambial e menor volatilidade da taxa de câmbio estimulam o crescimento econômico da economia. Já na visão de Mattei e Scaramuzzi, em seu estudo’ “A taxa de câmbio como instrumento do desenvolvimento econômico”, os autores discutem os efeitos das políticas de taxa de câmbio na indústria, apontado evidências empíricas para a desindustrialização. Por outro lado, Resende e Torres procuram mostrar a influência do sistema nacional de inovação e do progresso tecnológico nas elasticidades-renda da demanda de importações e de exportações no artigo “Sistema nacional de inovação e restrição externa ao crescimento”. Para Pereira e Dathein em “O papel das empresas transnacionais na inserção internacional da produção industrial brasileira no contexto da reestruturação produtiva”, os autores debatem o papel das corporações transnacionais e a inclusão da indústria brasileira no contexto de reestruturação produtiva. Em “Arroubos econômicos, legitimação política: uma análise da moratória da dívida externa de 1987”, Salomão e Fonseca analisam a moratória da divida externa de 1987, quando o presidente Sarney tentou fazer com que as medidas econômicas de grande impacto popular fossem seu principal veículo de legitimidade. Para Lopes em “O novo desenvolvimentismo: uma contribuição institucionalista” é apresentada como uma análise do novo desenvolvimento numa abordagem institucionalista/evolucionária. Em seu artigo “Multiplicador local do emprego industrial: mesorregiões brasileiras”, Macedo e Monasterio estimam o multiplicador local de manufatura para o Brasil nas mesorregiões brasileiras. E, por fim, Silva, Martins e Neder em “Investimentos em infraestrutura de transportes e desigualdades regionais no Brasil: uma análise dos impactos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)” analisam os efeitos dos investimentos em infraestrutura sobre a dinâmica regional brasileira.
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Rev. Econ. Polit. vol.36 no.4 São Paulo out./dez. 2016
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