Flávia Lacerda, Pesquisadora do Centro de Pesquisa em Arquitetura da Informação, Faculdade de Ciências da Informação, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil
Mamede Lima-Marques, Professor da Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília e Diretor do Centro de Pesquisa em Arquitetura da Informação, Brasília, DF, Brasil
Tese de doutorado do Centro de Pesquisa em Arquitetura da Informação da Universidade de Brasília indica mudança de paradigma na área de Arquitetura da Informação, em decorrência do advento de ecossistemas de informação (LACERDA, 2015). A discussão foi publicada em TransInformação, volume 29, número 1, 2017.
Em um mundo marcado pela crescente convergência entre espaços físicos e digitais, a informação está em toda parte; não se restringe mais a uma tela de computador, apresenta-se nos mais variados formatos e dispositivos. Espaços de informação isolados passam a constituir ecossistemas interconectados, que congregam pessoas, objetos e lugares pelos quais a informação flui. Este contexto, promovido pelos avanços na computação ubíqua, concretiza-se em grande medida pela Internet das coisas, que engloba de nanochips a cidades inteligentes, numa realidade onde objetos com informações incorporadas tanto podem sentir o ambiente como se comunicar, independentemente de intervenções humanas.
Surge nesse cenário a necessidade de rever o arcabouço de fundamentos, teorias e metodologias da Arquitetura da Informação como disciplina, tornando-a capaz de lidar com os desafios socioculturais, tecnológicos e sistêmicos que se apresentam. Partindo dessa premissa, o estudo adota a Metodologia de Metamodelagem (M3), que traz como contribuição uma estrutura didática para repensar os aspectos epistemológicos, científicos e práticos da área.
A pesquisa conclui que é preciso aprofundar o diálogo transdisciplinar para reconstruir o corpo de conhecimentos da Arquitetura da Informação. A disciplina mantém, em essência, seu propósito e seu objeto de estudo: projetar espaços de informação que promovam a produção de sentido pelas pessoas, que interagem diariamente com aplicativos, sistemas, serviços e agora, objetos inteligentes, como carros autônimos e dispositivos de saúde acoplados ao corpo. Portanto, cabe à Arquitetura da Informação tornar essas interações ao mesmo tempo eficientes e agradáveis, promovendo experiências significativas. Mas as mudanças na manifestação desses espaços afetam substancialmente a maneira de projetá-los e a forma como impactam a humanidade.
A Arquitetura da Informação Pervasiva emerge na literatura como uma especialização da área, concentrada no design de experiências para múltiplos canais, a partir de uma visão sistêmica de como cada um dos elementos do ecossistema se comunicam, incluindo dispositivos, atores, tarefas e contexto; a interatividade é pensada como uma coreografia, ou uma narrativa, na qual se estabelece o relacionamento dos usuários com os produtos e serviços ofertados, para que cumpram seus objetivos (RESMINI; ROSATI, 2011).
O momento é oportuno para reflexão sobre as implicações socioculturais, econômicas e tecnológicas que afetam a dimensão prática dessa nova realidade. A Internet das Coisas requer de uma abordagem humanista e sistêmica, baseada essencialmente em princípios, com vistas a evitar soluções pautadas em valores comerciais ou tecnicistas.
O estágio sanduíche da pesquisa foi financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior.
Referências
LACERDA, F. Arquitetura da informação pervasiva: projetos de ecossistemas de informação na internet das coisas. 2015. 226 f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
RESMINI, A.; ROSATI, L. Pervasive information architecture: Designing cross-channel user experiences. Boston: Morgan Kaufmann, 2011.
Para ler o artigo, acesse
LACERDA, F. and LIMA-MARQUES, M. Ecossistemas de informação: novo paradigm para a Arquitetura da Informação. Transinformação [online]. 2017, vol.29, n.1, pp.81-90. [viewed 10 July 2017]. ISSN 2318-0889. DOI: 10.1590/2318-08892017000100008. Available from: http://ref.scielo.org/6k9j28
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Transiformação – TINF: www.scielo.br/tinf
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