O estudo da linguagem da Geografia no ensino fundamental

Clodoaldo José Bueno do Prado, professor da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná (SEED), Curitiba, PR, Brasil

Sônia Maria Marchiorato Carneiro, professora do Programa de pós-graduação em Educação na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil

No artigo “Livro Didático de Geografia: estudo da linguagem cartográfica”, publicado no periódico Educação & Realidade (v. 42, n. 3), a partir do pressuposto da importância da disciplina de geografia na Educação Básica, quanto à formação da consciência espacial cidadã do sujeito-aluno, local e planetário, os autores avaliaram a relação dos textos discursivos e atividades com os mapas, sob o foco da consciência espacial cidadã através de pesquisa qualitativa, sob a modalidade documental, com base no método de análise de conteúdo, visando esclarecer a conexão dos textos e atividades com as representações cartográficas. O referencial teórico teve como pressupostos fundamentais: a concepção de uma Educação Geográfica comprometida com a cidadania do educando, a qual implica a complexidade dos fenômenos espaciais locais e globais; (CAVALCANTI, 2005; NOGUEIRA, 2009) e as representações cartográficas nos livros didáticos enquanto instrumentais metodológicos da relação dialógica dos conteúdos didáticos com a espacialidade geográfica (PASSINI, 2012).

A análise dos dados evidenciou que, de maneira geral, a Coleção apresenta os elementos essenciais de identificação e informação dos mapas, contudo ainda ocorreram incorreções e insuficiências; quanto à articulação entre textos discursivos e mapas e de atividades com mapas em perspectiva cognitivo-atitudinal, sob o foco da consciência espacial cidadã, revela-se um trabalho cartográfico com deficiência reflexiva, dado que os mapas não são apenas ilustrações de textos, mas constituem representações da realidade, que apoiam os educandos a ler e refletir criticamente sobre o mundo local e global. A investigação também verificou incongruências entre a teoria (Guia do Docente) e a prática (livros para os alunos) quanto à concepção de Geografia na Coleção, trazendo no Guia uma visão mais atualizada e voltada à formação da cidadania e, nos livros, uma perspectiva tradicional.

Os resultados revelam alguns avanços da Coleção em seu conteúdo cartográfico, mas ainda são necessários ajustes, visando à qualidade de articulação pedagógica dos textos discursivos com os mapas e, destes, com as atividades.

O presente estudo representa caminhada inovadora de pesquisa na avaliação de livros didáticos de Geografia, pois não existem pesquisas sob o foco investigado na relação da linguagem cartográfica com a consciência espacial cidadã. Resta esperar que esse percurso possa desdobrar-se em outras investigações que contribuam à elaboração de livros didáticos de Geografia, relevantes e consistentes na relação da linguagem cartográfica com a Educação Geográfica.

Referências

CAVALCANTI, L. S. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas: Papirus, 2005.

PASSINI, E. Y. Alfabetização cartográfica e a aprendizagem de geografia. São Paulo: Cortez, 2012.

NOGUEIRA, V. Educação geográfica e formação da consciência Espacial cidadã no ensino fundamental: sujeitos, saberes e práticas. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2009.

Para ler o artigo, acesse

PRADO, C. J. B. and CARNEIRO, S. M. M. Livro Didático de Geografia: estudo da linguagem cartográfica. Educ. Real. [online]. 2017, vol. 42, no. 3, pp. 981-1000, ISSN 0100-3143 [viewed 25 September 2017]. DOI: 10.1590/2175-623656967. Available from: http://ref.scielo.org/f9sqcq

Link externo

Educação & Realidade – EDREAL: http://www.scielo.br/edreal/