Anderson Luis Nakano, professor do curso de Bacharelado em Filosofia e no âmbito do Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), São Paulo, SP, Brasil.
O artigo G. E. M. Anscombe: uma alternativa à filosofia da ação padrão publicado no periódico Trans/Form/Ação (vol. 47, no. 2) lança luz sobre a profundidade e a originalidade do pensamento de Elizabeth Anscombe, uma das figuras centrais na filosofia do século XX, especialmente em suas reflexões sobre a ação intencional e suas consequências para as áreas da ética e da filosofia da mente.
O artigo resgata as motivações de Anscombe para a escrita de seu livro Intenção, recuperando, para isso, o contexto histórico da obra, e traça um contraste com as ideias de Donald Davidson, outro influente filósofo da ação. Anscombe, frequentemente menos citada que Davidson em discussões sobre a filosofia da ação e muitas vezes mal compreendida, é apresentada no artigo como uma pensadora cujas ideias são fundamentais para o entendimento contemporâneo da ação intencional.
Como se sabe, Davidson desenvolveu uma teoria da ação fundada em uma metafísica de eventos, fornecendo critérios precisos para a identidade desses eventos e para quando um evento configura uma ação intencional. A precisão da teoria davidsoniana é usualmente considerada uma vantagem em relação à proposta de Anscombe, que não se preocupa com as mesmas questões.
Isso faz parecer que a teoria davidsoniana seria mais polida que a teoria de Anscombe, que teria apenas traçado os contornos de uma teoria da ação cuja forma final seria dada na pena de Davidson. O artigo, entretanto, contesta essa narrativa, ao apontar para diferenças fundamentais entre as propostas de Anscombe e de Davidson. Por exemplo, Anscombe não se preocupa em definir ações como eventos causados, mas sim em entender como as diversas descrições de uma ação intencional se organizam em uma ordem racional de meios e fins.
O artigo também argumenta contra a visão de que o desafio de Davidson é incontornável para concepções não causais da ação intencional, mostrando que a abordagem de Anscombe, ao focar na pergunta “por quê?” para situar as ações dentro de contextos culturais e institucionais, oferece uma resposta robusta ao desafio.
Para ler o artigo, acesse
MARQUES, S.B. G. E. M. Anscombe: uma alternativa à filosofia da ação padrão. Trans/Form/Ação [online]. 2024, vol. 47, no. 2, e02400275 [viewed 24 February 2025]. https://doi.org/10.1590/0101-3173.2024.v47.n2.e02400275. Available from: https://www.scielo.br/j/trans/a/vRHkDTY6TkL9Gyvq68gRKpk/
Referências
ANSCOMBE, M.E.G. Intenção. São Paulo: Scientia Studia, 2023
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