Ana Luiza Silva Oliveira, Jornalista Científica, Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil.
A presença do racismo como estrutura central da sociedade brasileira exige reflexões constantes sobre suas expressões e enfrentamentos nos mais diversos campos de atuação. Com o intuito de contribuir para esse debate, os autores Oriana Hadler, Aline Silveira, Daniel Oliveira, Érico Vieira, Gabriela Vidal, Marília Bruhn, Melissa Vidal e David Bulos organizaram o dossiê temático Práticas Antirracistas em Processos Grupais, publicado pela Revista Brasileira de Psicodrama (vol. 33, 2025), reunindo produções que discutem como o psicodrama e as metodologias grupais podem atuar na construção de práticas antirracistas e decoloniais.
Inspirado no legado de Alberto Guerreiro Ramos, referência na integração entre psicodrama, sociologia e a luta antirracista, o dossiê resgata a trajetória de pensadores e artistas como Abdias do Nascimento, destacando o papel do Teatro Experimental do Negro na criação de espaços coletivos de conscientização e resistência. Nesse sentido, a reunião de pesquisas sobre a temática propõe pensar o psicodrama não apenas como técnica, mas como campo político e ético capaz de promover encontros transformadores e libertários.

Imagem: Kenechukwu Emmanuel via Pexels
A publicação também enfatiza o compromisso com a representatividade e a descolonização da produção científica. O protagonismo de autoras e autores negros nas reflexões é apresentado como um movimento de enfrentamento às hierarquias raciais ainda presentes nas estruturas acadêmicas. O texto reconhece, entretanto, que as normas editoriais vigentes frequentemente limitam a citação de obras de referência negras, revelando os desafios para tornar a produção científica verdadeiramente plural.
A partir do olhar para as práticas grupais como portadoras de potencial transformativo e fortalecedor de identidades e expressões, os trabalhos presentes no dossiê reforçam o comprometimento social da dimensão grupal e seu papel fundamental na co-construção de relações equânimes e baseadas no respeito e na potência da produção de conhecimento não-eurocentrada. Nesse cenário, o psicodrama realiza um trabalho essencial, ao promover a elaboração e a ressignificação de papéis sociais marcados pelo estigma e pela opressão.
Ao abordar as temáticas sociais, em especial a estrutura racista que permeia a sociedade, as práticas grupais resultam na produção de novos olhares, instigando mudanças. Semelhante ao movimento necessário para apreciar o festival de máscaras Igbo em sua totalidade, os textos reunidos no dossiê adotam uma postura ativa na luta antirracista ao abordar a temática através de pontos de vista que ultrapassam a narrativa enrijecida dominante.
Para ler a apresentação do dossiê temático acesse
HADLER, O.H., et al. Apresentação. Dossiê| Práticas antirracistas em processos grupais. Rev. Bras. Psicodrama [online]. 2025, vol. 33, e4025 [viewed 8 December 2025]. https://doi.org/10.1590/psicodrama.v33.753. Available from: https://www.scielo.br/j/psicodrama/a/xfy7VgMgkzFV4nH4qPxXCDJ/
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