Ser idoso no mundo contemporâneo – resiliência, questões econômicas, saúde física e social

Rafael Vera Cruz de Carvalho, assistente editorial da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Além dos temas voltados para a saúde física dos idosos (trauma maxilofacial, multimorbidade, saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família com cuidadores, força e massa muscular de idosas, funcionamento vascular e doença de Alzheimer, programa de atenção ao idoso com quadril fraturado), a Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia apresenta artigos abordando questões econômicas (consumo e orçamento familiar), de integração social (religiosidade e capacidade funcional) e macrossociais (avaliação da saúde suplementar, habitação para idosos autônomos, análise municipal do uso de medicamentos e circunstâncias de quedas em base populacional).

Em seu artigo “A Saúde Suplementar e o envelhecimento após 19 anos de regulação: Onde estamos?”, os autores Renato Peixoto Veras, Martha Regina de Oliveira e Hésio Cordeiro analisam as mudanças que refletem na adesão e manutenção de idosos nos planos de saúde, ressaltando a importância da mudança nos modelos assistenciais e de remuneração do setor (VERAS; CALDAS; CORDEIRO, 2013).

Os autores Mateus Giacomin, Ferdinando De Conto, Pedro Signori, Simone Pinheiro Siqueira, Renato Sawazaki e João Scherbaum Eidt apresentam no artigo intitulado “Trauma maxilofacial em idosos: Uma análise retrospectiva de 10 anos” uma análise do perfil epidemiológico de idosos com trauma facial em um serviço de cirurgia do Sul do Brasil, entre 2001 e 2010. Dos 1385 prontuários analisados, 86 eram de idosos, em sua maioria homens, de 60 a 69 anos, com fratura mais comum do osso zigomático. A faixa etária é destacada uma vez que, ao mesmo tempo em que os pacientes apresentam perdas decorrentes da idade, eles continuam se movimentando ativamente, expostos ao risco do trauma.

O estudo “Consumo dos diferentes arranjos domiciliares de idosos no Brasil: Análises a partir dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008/2009)”, de Natália de Vaz Melo, Karla Maria Teixeira e Mirely Bonin Silveira, aborda o perfil socioeconômico do consumidor idoso em diferentes arranjos domiciliares. A maioria dos participantes possuía apenas o Ensino Fundamental e residiam em áreas urbanas, com predominância feminina como chefe dos arranjos que não tinham presença de cônjuge. Na distribuição de consumo, os autores observaram maior peso nas categorias de despesas diversas, habitação, transporte e alimentação.

Outros artigos também são destaque deste número. O autor Gustavo Cavalcanti e colegas, em seu trabalho “Fatores associados à multimorbidade em idosos”, avaliaram a associação entre multimorbidade e variáveis sociodemográficas, autopercepção de saúde e polifarmácia em 676 idosos. Descobriram que a multimorbidade pode levar a uma autopercepção negativa da saúde e favorecer a busca por serviços de saúde e cosumo de medicamentos.

As autoras Marcela Rios, Alba Vilela e Adriana Nery, apresentam, em “O trabalho e a saúde de açougueiros idosos: Relato de casos em um mercado municipal”, as condições de saúde e laborais por trabalhadores idosos em um mercado municipal na Bahia. Apesar do estresse, posições incômodas, poucas folgas e acidentes de trabalho, os participantes concordaram que estão satisfeitos com o trabalho, indicando a necessidade de atividades de promoção e conscientização da saúde laboral.

Karla Bonfá e demais autores do artigo “Cuidadores de idosos e saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família” versam sobre sua análise da percepção de cuidadores de idosos sobre saúde bucal e indicam que esse conhecimento colabora para o planejamento de ações de promoção de saúde, com orientação e prevenção.

Em seu estudo “Relação entre força e massa muscular em mulheres de meia-idade e idosas: Um estudo transversal”, Mariana Vieira e colaboradores analisaram a relação entre a força de preensão manual e a força de membro inferior com a quantidade de massa muscular esquelética segmentar em 540 mulheres, de meia-idade e idosas. Observaram correlação entre força de preensão e massa muscular de membro superior, força de flexão de joelho e massa muscular de membro inferior e entre força de extensão e massa muscular de membro inferior.

No artigo “Avaliação de parâmetros hemodinâmicos e vasculares na doença de Alzheimer e demência vascular”, Bruno Rezende e colegas compararam parâmetros cardiovasculares em pacientes com demências e buscaram diferenças hemodinâmicas que possam auxiliar no diagnóstico diferencial.

A autora Maria José Marin e demais autores de “Uso de medicamentos por idosos: Análise da prescrição, dispensação e utilização num município de porte médio do estado de São Paulo” levantam uma reflexão sobre intervenções visando melhor adesão a tratamentos medicamentosos por idosos.

Suzana Moraes e colegas apresentam no estudo “Circunstâncias e outros fatores relacionados a quedas em idosos que vivem na comunidade: Estudo de base populacional” as características de quedas de 774 idosos e encontraram que são diferentes para os idosos que caíram uma ou duas ou mais vezes, o que pode nortear os profissionais de saúde, idosos e seus familiares.

O estudo “Avaliação da efetividade de um programa de atenção ao idoso com fratura de quadril: uma estratégia de rede”, de Fátima Farias e demais autores, objetivou avaliar um programa de atenção ao idoso com fratura de quadril, na rede pública de assistência. O tratamento foi efetivo, reduzindo a mortalidade, a média de permanência hospitalar, as complicações pós-operatórias e os custos dos tratamentos durante a internação.

Os autores Roberta Freire e Nivaldo Junior, com o artigo “Produção científica sobre habitação para idosos autônomos: Revisão integrativa da literatura”, fazem um levantamento dos estudos sobre habitação para idosos de 2000 a 2015 e apontam os debates sobre direitos, qualidade de vida e a percepção dos idosos, além da necessidade da atuação do Estado no aumento do número de idosos sem moradia.

Em “Associação da religiosidade com a capacidade funcional em idosos: Uma revisão integrativa”, Diane Amorim e demais autores verificaram associação positiva de aspectos da religiosidade com a capacidade funcional e desempenho nas atividades diárias, bem como melhor enfrentamento da perda de funcionalidade.

Referências

VERAS, R. P., CALDAS, C. P., CORDEIRO, H. A. Modelos de atenção à saúde do idoso: repensando o sentido da prevenção. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 23, n. 4, p. 1189-1213, 2013. ISSN: 1809-4481 [viewed 16 november 2017].  DOI: 10.1590/S0103-73312013000400009. Available from: http://ref.scielo.org/p6kdb7

Para ler os artigos, acesse

Rev. bras. geriatr. gerontol. vol.20 no.5 Rio de Janeiro Set./Oct. 2017

Link externo

Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia – RBGG: http://www.scielo.br/rbgg

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

CARVALHO, R. V. C. Ser idoso no mundo contemporâneo – resiliência, questões econômicas, saúde física e social [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2018 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2018/01/15/ser-idoso-no-mundo-contemporaneo-resiliencia-questoes-economicas-saude-fisica-e-social/

 

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