Ana Maria Rodrigues Franqueira, doutoranda em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Pesquisadoras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro publicaram recentemente um estudo na Revista Estudos de Psicologia (Campinas) sob o título “O luto pelo filho adulto sob a ótica das mães” que discute o processo de luto de mães que perderam filhos adultos. A pesquisa enfoca os recursos utilizados pelas mães no enfrentamento da perda. Esse estudo se mostra inovador diante da escassa literatura científica sobre o luto parental de filhos adultos. Morte e luto tornaram-se tabus na sociedade contemporânea ocidental, levando mães enlutadas a sentir isolamento social e solidão.
A pesquisa qualitativa foi realizada por meio de entrevistas com cinco mulheres, dentre elas, três casadas, uma viúva e uma separada, com idades entre 50 e 75 anos de idade, pertencentes ao segmento socioeconômico médio da população carioca.
Da análise das entrevistas, emergiram quatro categorias temáticas: estratégias de enfrentamento do luto; continuidade do vínculo com o filho morto; reações iniciais e sentimentos diante da morte do filho; e relacionamento conjugal/parental. Neste trabalho, são discutidas as duas primeiras. Dentre os principais resultados, a pesquisa apontou a importância do suporte social, da religiosidade e da continuidade do vínculo com o filho morto como poderosos recursos de enfrentamento da perda.
A partir desses resultados, as autoras concluem que é preciso ampliar o leque dos estudos sobre o luto e privilegiar a capacidade e a habilidade dos indivíduos e famílias em responder a uma situação traumática. É preciso considerar o luto como um processo dinâmico e flutuante, que varia em natureza, intensidade e duração. Além disso, o suporte da rede de apoio, como família e amigos, a religiosidade e a possibilidade de continuidade do vínculo com o filho morto mostraram-se poderosos recursos de enfrentamento da perda. Em relação à rede de apoio, concluiu-se que a sociedade e a família têm papel fundamental na prevenção das complicações do luto e no fomento da resiliência, devendo oferecer recursos e continência para que o indivíduo possa enfrentar frustrações e perdas, atribuir sentido a essas experiências e entrar em contato com seus sentimentos, com a segurança de que irá sobreviver a elas. A relação entre religião e enfrentamento do luto precisa ser mais pesquisada nos trabalhos atuais e sugere que as crenças religiosas podem facilitar reavaliações positivas, diminuindo, assim, a intensidade do pesar.
A pesquisa foi realizada com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Para ler o artigo, acesse:
FRANQUEIRA, A. M. R., MAGALHAES, A. S., and FERES-CARNEIRO, T. O luto pelo filho adulto sob a ótica das mães. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2015, vol.32, n.3, pp. 487-497. [viewed 13th October 2015]. ISSN 1982-0275. DOI: 10.1590/0103-166X2015000300013. Available from: http://ref.scielo.org/pccptb
Link externo:
Revista Estudos de Psicologia (Campinas) – http://www.scielo.br/estpsi
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Últimos comentários