Fernanda Cantarim, Pós-doutoranda em Gestão Urbana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, membro do corpo editorial do periódico urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, Curitiba, PR, Brasil.
A Amazônia é uma área rica em recursos naturais e com grande potencial econômico, mas que apresenta baixos índices de renda, educação e longevidade quando comparada ao restante do Brasil. O cenário não é diferente quando se trata de saneamento básico e manejo de resíduos sólidos, como mostra estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Estado do Pará (UEPA). O grupo de pesquisadores propuseram um diagnóstico do atual manejo dos resíduos sólidos urbanos (RSU) nos sete estados da Amazônia brasileira – e confirmaram que a precariedade desse serviço é evidente, não só por estar distante dos ideais previstos na agenda 2030, mas também por se encontrar abaixo da média nacional. O resultado desta pesquisa foi apresentado no artigo “Panorama da disposição de resíduos sólidos urbanos e sua relação com os impactos socioambientais em estados da Amazônia brasileira” e publicado no periódico urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (vol. 13).
O manejo e gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU) tem um grande impacto no meio ambiente, na saúde e na qualidade de vida da população. O Brasil apresenta um panorama inferior ao desejado – cada habitante produz uma média de 1,04kg de resíduos por dia, sendo que em torno de 40,9% dos resíduos coletados no país são destinados a 2.976 lixões, enquanto 8,8% nem sequer são coletados (ABRELPE, 2018; ISWA, 2016). Os serviços de saneamento sanitário não atendem ao crescimento populacional do país, e muitas cidades ainda não receberam redes satisfatórias de abastecimento de água e esgoto. No caso da Amazônia, os pesquisadores destacam que seu saneamento necessita de atenção prioritária, já que além de apresentar serviço de RSU precário, também apresenta riscos para a população nativa e meio ambiente.
A pesquisa apresentada é descritiva e se baseia em dados secundários coletados por meio de plataformas eletrônicas, como Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e Radar do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Os dados foram posteriormente analisados em agrupamentos, utilizando o software Minitab 18. Os pesquisadores realizaram seu diagnóstico com base em dados de qualidade de vida (IDHM), produção de resíduos sólidos, destinação de resíduos sólido e atendimento de abastecimento e esgoto. Cabe ressaltar, que o artigo alerta para um problema de déficit nos registros de municípios que alimentam os dados no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Ou seja, a situação de geração de RSU é maior do que os valores apresentados na pesquisa, já que menos da metade dos municípios da Amazônia realizam esse serviço informacional obrigatório.
Este estudo apresenta uma importante discussão que envolve fatores essenciais para um desenvolvimento ambientalmente correto, sem prejuízos para a população e natureza local. A Amazônia está constantemente em destaque internacional devido à sua rica biodiversidade, porém o poder público não tem sido eficiente em preservar seu território. Desta maneira, é primordial que se priorize o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos urbanos na Amazônia.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS – ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2017 [online]. [viewed 22 February 2021]. Available from: https://abrelpe.org.br/pdfs/panorama/panorama_abrelpe_2017.pdf
INTERNATIONAL SOLID WASTE ASSOCIATION – ISWA. Roteiro para encerramento de lixões. 2016 [online]. [viewed 22 February 2021]. Available form: https://abrelpe.org.br/roteiro-para-encerramento-de-lixoes/
Para ler o artigo, acesse
Aguiar, E. S. et al. Panorama da disposição de resíduos sólidos urbanos e sua relação com os impactos socioambientais em estados da Amazônia brasileira. urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana [online]. 2021, vol. 13 [viewed 29 January 2021]. https://doi.org/10.1590/2175-3369.013.e20190263. Available from: http://ref.scielo.org/gzdw64
Links Externos
urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana – URBE: www.scielo.br/urbe
urbe Facebook: https://www.facebook.com/urbepucpr/
PPGTU / PUCPR – Programa de Pós-graduação em Gestão Urbana Facebook: https://www.facebook.com/ppgtu/
PUCPR Facebook: https://www.facebook.com/pucproficial/
PUCPR Instagram: https://www.instagram.com/pucproficial/
PUCPR Twitter: https://twitter.com/PUCPRoficial
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Últimos comentários