Ana Cristina Moreira Pessôa, pós-doutorada, Programa de Pós-graduação em Crítica Cultural, Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Alagoinhas, BA, Brasil.
No artigo Experiência da Imagem e a Densidade Sonora: efeitos de presença na encenação de Auto da Catingueira, publicado pela Revista Brasileira de Estudos da Presença (vol. 14, no. 4, 2024), Ana Cristina Pessôa, Pós-Doutora no Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural da Universidade do Estado da Bahia, apresenta um estudo da encenação da ópera Auto da Catingueira, de Elomar Figueira Mello, a partir de discussões sobre presença, oralidade, corpo e voz, nas quais são aproximados aspectos da performatividade e a encenação fundada na memória, tradições e cultura brasileira.
Ana analisa partes da gravação do espetáculo, em diálogo estreito com a ideia de uma “dimensão sonora em performance”, que ganha contornos bem traçados pela noção de presença explicada por Hans Ulrich Gumbrecht e pela teoria musical trazida por José Miguel Wisnik.
Por outro lado, embora as discussões teóricas tenham sido fundamentais e ganhado espaço, os principais resultados da pesquisa aconteceram no sentido de propor uma leitura da encenação e pensar a maneira como os personagens e suas narrativas vão sendo construídos no palco, em termos de voz, de material verbal e musical, de corpo e de formas animadas. É nessa multiplicidade de linguagens que tais personagens manifestam inúmeros elementos culturais, um imaginário regional, uma memória e tradições de um lugar na forma de oralidade, histórias e sonoridades.
O estudo surgiu, em parte, de uma simples questão existencial que tomava a autora quando ouvia as canções de Elomar: “O que é o sertão?”. E como todas as vezes que as perguntas simples são bem perscrutadas, as respostas levaram a outras inúmeras perguntas e possibilidades, desde a viabilidade fenomenológica de uma existência até o campo metafísico ocidental, a “produção de presenças” e a “densidade do som”, a construção histórica e imaginária de uma realidade social, política, cultural.
Até que essa pergunta levou a uma pesquisa de mestrado sobre o trabalho do compositor baiano, e depois uma pesquisa de doutorado, até chegar à pesquisa de Estágio Pós-Doutoral na Universidade do Estado da Bahia, em 2023, na qual foram estudadas, especificamente, as marionetes na encenação de Auto da Catingueira.
Nesse momento da pesquisa, a ideia principal era analisar a presença das formas animadas em contato com os atores-cantores, a fim de buscar entender a construção dos personagens em cena e, com isso, a maneira pela qual o “sertão profundo” elomariano é construído no palco. Dessa forma, as discussões sobre teoria musical, teoria da presença e teoria da performance trazem a perspectiva sob a qual a leitura da encenação está sendo realizada e algumas ferramentas com as quais lidar com as inúmeras linguagens em contato na obra.
A ideia do estudo, então, é propor uma determinada abordagem de modo a começar a entender como a obra pode trazer novas perspectivas para pensar a ideia de sertão no imaginário brasileiro. E como os personagens, com suas múltiplas linguagens e sonoridades e características, podem trazer novos elementos para pensar o lugar do sertão no imaginário, na memória e na identidade brasileiros. E, por outro lado, pensar a maneira pela qual a ideia de sertão pode impactar qualquer leitura que fazemos de uma produção nacional.
Para ler o artigo, acesse
PESSÔA, A.C.M. Experiência da Imagem e a Densidade Sonora: efeitos de presença na encenação de Auto da Catingueira. Revista Brasileira de Estudos da Presença [online]. 2024, vol. 14, no. 4 [viewed 14 April 2024]. https://doi.org/10.1590/2237-2660138654vs01. Available from: https://www.scielo.br/j/rbep/a/Fzm5zkk84K5wgzzcJmZMDRF/
Referências
O Auto da Catingueira – Grupo Giramundo. Giramundo on YouTube. 2025 [viewed 14 April 2025]. Available from: https://www.youtube.com/watch?v=QZ0OCFrxrzw
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