Gláucia Vale e Victor Corrêa, Pesquisadores do Núcleo de Pesquisa em Empreendedorismo e Redes Empresariais, Belo Horizonte, MG, Brasil
O tipo de relacionamento pode influenciar as pessoas ao empreendedorismo e, também, o desempenho de suas empresas no mercado. Este é um dos resultados de uma pesquisa inédita publicada em dezembro pela Rausp, uma das mais importantes revistas científicas de administração do país. O estudo, que abrangeu 100 empreendedores do segmento industrial no Brasil, foi conduzido pelos pesquisadores Glaucia Vale e Victor Corrêa, ambos da PUC-Minas. Eles analisaram como os contatos pessoais dos empreendedores os influenciaram a criar empresas, e como os diferentes recursos disponibilizados pelos relacionamentos contribuíram para isto. “O diferencial desta pesquisa foi demonstrar, de maneira inédita no país, a importância de os empreendedores possuírem relacionamentos íntimos, tais como familiares e amigos, capazes de fornecer-lhes ajuda mais facilmente, e, ao mesmo tempo, contatos menos próximos, principalmente de natureza profissional, fundamentais para abrir novas portas no segmento de atuação do empreendedor”, salienta Vale, coordenadora da pesquisa.
Outra conclusão do estudo foi apontar para a necessidade de os empreendedores evitarem o que os autores denominaram de “excesso de solidariedade”, isto é, pedidos de ajuda, sejam financeiras, econômicas e ou pessoais por parte de seus relacionamentos mais próximos, capazes de impedir a sustentação e o crescimento das empresas. “É fundamental que os empreendedores, para o sucesso de seus empreendimentos, consigam equilíbrio de seus contatos pessoais. Eles devem ser capazes de ajuda-los, ao mesmo tempo em que os empreendedores devem ser capazes de impedir de seus contatos solicitações que podem prejudicar o desempenho de seus negócios”, avalia.
Segundo a pesquisa, os empreendedores possuem três tipos fundamentais de relacionamentos. Eles foram agrupados em um tipo de “modelo”, inovador no país. O primeiro é baseado, principalmente, em laços familiares. Empreendedores deste tipo podem usufruir, mais facilmente, de diferentes recursos, tais como informações, confiança, ajuda financeira, entre outros, ao mesmo tempo em que podem estar susceptíveis a pedidos de ajuda dos relacionamentos, criando-lhes inconveniências. O segundo é fundamentado na ausência de contatos profissionais prévios. Empreendedores deste tipo não possuem relacionamentos anteriores com pessoas e profissionais do segmento produtivo de interesse. Encontram-se, portanto, em desvantagem em relação aos demais. “Possuir proximidade prévia com o segmento de interesse é fundamental para os empreendedores, sobretudo na fase inicial de construção de seu empreendimento”, ressalta Corrêa. Finalmente, o terceiro é baseado em relações profissionais. Estes possuem importantes vantagens em relação aos outros empreendedores. Eles apresentam maior capacidade em transformarem amigos e conhecidos em consumidores, em usufruírem dos relacionamentos de qualquer natureza para a abertura de suas empresas, e em evitarem pressão de natureza não econômica e familiar sobre seus negócios.
Para ler o artigo, acesse
VALE, G. M. V., and CORREA, V. S. Estrutura social e criação de empresas. Rev. Adm. (São Paulo) [online]. 2015, vol.50, n.4, pp. 432-446. [viewed 16th December 2015]. ISSN 1984-6142. DOI: 10.5700/rausp1211. Available from: http://ref.scielo.org/c5fgk6
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Revista de Administração USP – RAUSP – www.scielo.br/rausp
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