Fernanda Cantarim, doutoranda no Programa de Gestão Urbana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná e membro do corpo auxiliar da urbe, Curitiba, PR, Brasil
Walter Fernando Brites, da Universidade Nacional do México, discute em seu artigo “La ciudad en la encrucijada neoliberal. Urbanismo mercado-céntrico y desigualdad socio-espacial en América Latina” publicado no periódico urbe (v. 9, n. 3), sobre o que se entende por cidade neoliberal e quais os efeitos que a lógica do mercado imobiliário tem sobre os centros urbanos da América Latina. De acordo com as mudanças do cenário político, social e econômico, os interesses do mercado imobiliário vão se alterando, assim com o seu respaldo sobre o espaço urbano.
Segundo Brites, as políticas urbanas e a lógica de produção imobiliária transformam as cidades de maneira a criar não apenas novas materialidades, mas também deslocamentos e desigualdades. Constantemente, megaprojeto são construídos em áreas próximas de bairros populares, revalorizando o solo urbano e induzindo o deslocamento dos residentes devido ao aumento dos impostos, pressão imobiliária, gentrificação e a perda da identidade do bairro. Esse processo é resultante do modelo neoliberal, e é a partir dele que a fragmentação dos espaços urbanos acontece, gerando desigualdades sócioespaciais (CUENYA; CORRAL, 2011).
Brites tem como questão central em seu artigo discutir o que é a cidade neoliberal e quais as consequências de sua lógica sobre o tecido urbano das cidades latino-americanas. Para isso, utiliza de diversos autores inseridos nesta temática, especialmente latino-americanos — e do estudo de exemplos da ação do neoliberalismo em cidades da América Latina — como em Buenos Aires, Rio de Janeiro e em Salvador.
As cidades da América Latina têm vivido, desde a década de 1990, os efeitos das políticas urbanas caracterizadas por: inversão seletiva das obras públicas; criação de leis urbanas de ordenamento e renovação; geração de espaços urbanos de embelezamento; competitividade turística; políticas habitacionais em periferias; e facilidade de intervenção do mercado imobiliário em empreendimentos residenciais e comerciais (LÓPEZ-MORALES, 2013). A interferências dos interesses do mercado torna a acessibilidade aos espaços urbanos mais crítica e complexa (ABRAMO, 2011). Espaços elitistas se desenvolvem em meio a cidade, muitas vezes favorecidos por projetos urbanos de renovação ou reabilitação — deslocando os antigos residentes dessas áreas para espaços menos estruturados e reafirmando a segregação e desigualdade sócio espacial.
Referências
ABRAMO, P. La producción de las ciudades Latinoamericanas: mercado inmobiliario y estructura urbana. Quito: Olacchi, 2011. (Colección Textos urbanos, v. 9).
LÓPEZ-MORALES, E. Urbanismo empresarial y destrucción creativa: un estudio del caso de la estrategia de renovación urbana en el pericentro de Santiago de Chile 1990-2005. México: Infonavit; UAEMex, Faculdad de Ciencias Políticas y Sociales, 2013.
Para ler os artigos, acesse
BRITES, W. F. La ciudad en la encrucijada neoliberal. Urbanismo mercado-céntrico y desigualdad socio-espacial en América Latina. urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana[online]. 2017, vol.9, n.3, pp.573-586. [viewed 19 October 2017]. ISSN 2175-3369. DOI: 10.1590/2175-3369.009.003.ao14. Available from: http://ref.scielo.org/9jf3k7
CUENYA, B. and CORRAL, M. Empresarialismo, economía del suelo y grandes proyectos urbanos: el modelo de Puerto Madero en Buenos Aires. EURE (Santiago) [online]. 2011, vol.37, n.111, pp.25-45. [viewed 19 October 2017]. ISSN 0250-7161. DOI: 10.4067/S0250-71612011000200002. Available from: http://ref.scielo.org/v8txrp
Links externos
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