Demian Barcellos, doutorando no Programa de Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e membro do corpo auxiliar da urbe. Curitiba, PR, Brasil
Nos primeiros artigos selecionados por fluxo contínuo para o periódico urbe (v. 11), destaca-se “Política habitacional no Brasil: uma análise das coalizões de defesa do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social versus o Programa Minha Casa, Minha Vida”, de Ferreira e colaboradores, que enfatiza as “mudanças institucionais realizadas priorizaram mais os objetivos de mercado do que os objetivos de desenvolvimento urbano integrado”. Essa conclusão foi o resultado do estudo das “mudanças institucionais ocorridas na política de habitação no Brasil entre 1992 a 2014, a partir da análise de Advocacy Coalition Framework , que fornece subsídios para compreender quais são os valores e as ideias presentes na formulação e na alteração do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS) e do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV)” (FERREIRA et al., 2019, p. 1). No artigo “A proto-habitação social na cidade de Lisboa: uma leitura integrada da vila operária no contexto urbano atual”, de Ildefonso e colaboradores, foi contextualizada o processo de formação da habitação operaria na cidade de Lisboa quanto as questões sociais, econômicas e políticas, destacando a sua importância na evolução do modo de habitar a cidade, apontando e entendendo a influência de diversas medidas de proteção deste patrimônio cultural.
No tema de gestão ambiental o artigo, “Gestão do uso do solo no entorno do Rio Sapucaí em Itajubá (MG)”, de Felix e colaboradores, fez uma classificação das áreas limítrofes do Rio Sapucaí, “quanto ao uso e à ocupação, como também a preocupação em aumentar e manter áreas reflorestadas nos últimos dez anos pela administração municipal, além de constatar a existência de locais já adensados que poderiam receber projetos de revitalização e mobilidade visando à melhoria da qualidade de vida da população” (FELIX et al., 2019, p. 1). O objetivo deste estudo foi centrado em diagnosticar as áreas do município de Itajubá, limítrofes ao Rio Sapucaí, vislumbrando à gestão sustentável de uso e ocupação do solo.
Na temática de participação popular, o artigo “Atos de dissidência como urbanismo democratizante: o espaço político em Santiago de Chile” de Perucich, faz uma exposição do potencial para desenvolvimento de um urbanismo da dissidência com vistas na democratização da democracia. A pesquisa estuda o caso de Santiago baseado em evidências obtidas por um trabalho de campo, contextualizando que desde 2006 teve um crescimento no número de manifestações populares, porém tendo, uma redução da participação da população em instrumentos democráticos tradicionais. A redução da participação nestes instrumentos democráticos tradicionais expõe como esse modo de democracia consensual está em jogo. O que mostra que novas teorias do urbanismo são necessárias para informar o fortalecimento dos espaços urbanos dissensuais.
Na temática de urbanização, de Gomes e Cardoso, o artigo “Santarém: o ponto de partida para o (ou de retorno) urbano utopia” traz uma discussão sobre “o progressivo descolamento observado entre cidade, urbano, rural e natureza em contexto amazônico. Partiu-se da geo-história, abordagem lefebvriana de análise da formação espacial, do sítio de Santarém (PA) e adjacências, para explicitar a natureza híbrida de um tecido urbano extensivo, formado por tipologias urbanas descontínuas (cidade e vilas), periurbanas (comunidades e assentamentos) e rurais (campo de soja, floresta e comunidades extrativistas), segundo arranjos socioespaciais herdeiros de diferentes matrizes culturais”. A pesquisa faz um detalhamento e um análise da “mancha urbana da cidade de Santarém, assumida como um amálgama que espelha a diversidade socioespacial da região e que melhor ilustra a forma como a concepção hegemônica de cidade, aplicada ao urbano periférico amazônico, tem distanciado Santarém do potencial de expressar o urbano utopia, o qual será capaz de resgatar a indissociabilidade de pessoas, biodiversidade, solo e água, que já vem sendo manifestada há séculos na Amazônia” (GOMES; CARDOSO, 2019, p. 1).
Para ler os artigos, acesse
urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana vol.11 Curitiba 2019
Link externo
urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana – URBE: www.scielo.br/urbe
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