José Luís Schifino Ferraro, Professor dos Programas de Pós-Graduação em Educação e Educação em Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.
A pesquisa desenvolvida busca resgatar a percepção da Biologia como fundamento bioético e biopolítico. Para tanto, o autor produziu uma espécie de arqueologia do conceito de vida desde a emergência da Biologia a partir da História Natural (FOUCAULT, 1999; 2007). O artigo “O Conceito de vida: uma discussão à luz da educação” publicado no periódico Educação & Realidade (v. 44, n. 4), aproxima os campos filosóficos e sociológicos da discussão biológica, com o intuito de promover uma estetização da Biologia a partir do campo educativo, ampliando as possibilidades de seu ensino em um horizonte bioético.
Tal movimento implica na flexibilização do ensino de Biologia que, atualmente no país, permanece ancorada a uma lógica instrucional e instrumentalizada, sem maiores reflexões sobre as potências da vida e dos corpos. A partir dessa discussão, é possível observar uma espécie de liberação desta ciência pela inclusão do eu e do outro, além da materialização das relações quase sempre – e até então – invisíveis que se estabelecem entre ambos, balizadas pela diferença das diversas formas de expressões de vida.
Ao compreender de forma mais ampla a organização e a emergência de um discurso sobre a vida (FERRARO, 2011) discutindo-o com maior profundidade à luz de demandas sociais contemporâneas a pesquisa incita que as ciências biológicas aportem seus conhecimentos também em direção a uma formação que possibilite a participação e o posicionamento de sujeitos em temas controversos que envolvem a vida. Para que se possa discutir a legalização do aborto, o movimento anti-vacina ou a construção de identidades sexuais e de gênero, por exemplo, a tomada de conhecimento sobre este debate torna-se imprescindível.
O atravessamento do conhecimento biológico no interior dos campos da Medicina e do Direito, como nos exemplos relatados, só pode ocorrer a partir de uma mediação filosófica que coloca em jogo os limites de conceitos biológicos no socius.
Assim, o artigo verifica que na medida em que o alcance do potencial epistemológico da Biologia se expande, cada vez mais este movimento torna a Filosofia e a Sociologia necessárias.
Referências
FERRARO, J. L. S. A biologia e o discurso sobre a vida: aproximações acerca do conceito de vida em livros didáticos. 2011. 192 f. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
FOUCAULT, M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.
Para ler o artigo, acesse
FERRARO, J. L. S. O Conceito de Vida: uma discussão à luz da educação. Educ. Real. [online]. 2019, vol. 44, no. 4, e90398, ISSN 0100-3143 [viewed 14 January 2020]. DOI: 10.1590/2175-623690398. Available from: http://ref.scielo.org/98fpm5
Links externos
Educação & Realidade – EDREAL: www.scielo.br/edreal
https://www.fundarfenix.com.br/bioetica-neuroetica-emocoes
http://editora.pucrs.br/acessolivre/anais/cidu/2018.html#capa
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