Fernanda Cantarim, Professora Substituta, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil.
Manoela Massuchetto Jazar, Pós-doutoranda, Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Curitiba, PR, Brasil.
Rodrigo Firmino, Professor Pesquisador no Programa de Pós-graduação em Gestão Urbana, Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Curitiba, PR, Brasil.
Há um processo desigual e tendencioso no cenário global das produções científicas, fruto da busca de uniformização de métricas de impacto internacionais; alterações recentes na forma do Qualis/CAPES avaliar os periódicos do Brasil e da América Latina apontam mudanças estruturais com que esses se encaixam em um contexto maior. Destaque é dado para bases de dados e redes alternativas, com a valorização da produção científica local. Essas conclusões foram observadas no artigo Colonialismo científico e periódicos brasileiros e latino-americanos: desafios na difusão internacional dos estudos urbanos e regionais, publicado no periódico Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, RBEUR (vol. 27, 2025).
O artigo faz uma investigação sobre mudanças recentes no panorama dos periódicos brasileiros e latino-americanos em Planejamento Urbano e regional, com a comparação dos periódicos, métricas e classificações do Qualis quadriênio 2013-2016 e Qualis Único (2020). Trata-se de uma pesquisa realizada por pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Fernanda Cantarim, Rodrigo Firmino e Manoela Massuchetto Jazar.

Imagem: Os autores.
A pesquisa avalia o momento de transição dos critérios de avaliação da classificação Qualis, da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), em 2020. A partir da leitura dos cenários pré e pós mudanças, é questionado como a universalização da ciência, suas métricas e linguagens, são moldadas à padrões hegemônicos distantes de especificidades locais. Também são levantados caminhos para o fortalecimento de redes locais de conhecimento, essenciais para garantir diálogos dentro do recorte latino-americano (ou mesmo do sul global). A metodologia combina análise bibliométrica com um olhar crítico sobre a colonialidade do saber para interpretar as relações de poder envolvidas na difusão do conhecimento.
Os autores utilizaram dados de classificação coletados diretamente da Plataforma Sucupira, enquanto informações de indexação e métricas de impacto foram obtidas de bases de dados como Scimago, SciELO, Scopus, Web of Science (WoS), Redalyc e Latindex. Comparativos por meio de imagens e gráficos auxiliam na visualização dos dados entre as classificações do quadriênio 2013/2016 e o Qualis Único.
Os resultados indicam que, além de afetar diretamente os periódicos urbanos e regionais, a padronização internacional pode comprometer a diversidade epistêmica na ciência. O artigo defende a valorização de plataformas abertas e com controle público, como SciELO e Redalyc, e propõe o fortalecimento de estratégias contra-hegemônicas que permitam a inserção internacional sem perda de relevância local.
A pesquisa se insere em uma discussão relevante para o contexto dos Estudos Urbanos no Brasil, América Latina e o Sul Global, dada a necessidade de um pensamento crítico sobre as formas com que a universalização da ciência afeta a produção e circulação dos trabalhos na região.
Para ler o artigo, acesse
CANTARIM, F., FIRMINO, R. and JAZAR, M.M. Colonialismo científico e periódicos brasileiros e latino-americanos: desafios na difusão internacional dos estudos urbanos e regionais. Rev. Bras. Estud. Urbanos Reg. [online]. 2025, vol. 27, e202507 [viewed 23 April 2025]. https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202507. Available from: https://www.scielo.br/j/rbeur/a/zkhm83jYqG6MW8XtGVX8Hpc/
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