Fabiane Silva Peruzzo, Assistente de Comunicação da Revista Almanack, graduada em História pela Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Maria Eduarda Câmara, Assistente de Comunicação da Revista Almanack, Graduada em História pela UFOP, Mariana, MG, Brasil.
O artigo Pardos letrados em sociedades escravistas: educação e mudança de status social (América Portuguesa e Caribe Espanhol, C 1750-1807), escrito pela historiadora Priscila de Lima Souza, e publicado no periódico Almanack, n.º 34 (2023), discute a relação entre o letramento e a conformação do status social dos pardos livres em sociedades escravistas da América Ibérica ao longo da segunda metade do século XVIII até o ano de 1807.
A autora realiza uma abordagem integrada das regiões portuguesa e hispânica, ao defender a existência de traços estruturais comuns a elas. Isso lhe permite tratá-las como unidades históricas, a despeito de suas particularidades.
O artigo está dividido em cinco partes: 1) Introdução; 2) Cultura letrada e as populações de origem africana nas cidades coloniais; e 3) Reformas ilustradas e a remodelagem da administração do Estado; 4) A presença parda na baixa burocracia colonial e 5) Considerações Finais.
Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo, mestre, bacharel e licenciada na área pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Priscila de Lima utiliza fontes impressas e manuscritas sobre a América Portuguesa e o Caribe Espanhol que dão sustentação a sua pesquisa. Tais fontes são de natureza burocrática e fazem parte de um sistema de comunicação entre as monarquias ibéricas e os domínios americanos, como requerimentos e querelas.
A partir da perspectiva de que a posição social dos pardos estava vinculada à escravidão, o status social dessa população era determinado pela condição pessoal anterior, ou pela de seus antepassados. Entretanto, uma das conclusões da autora é que, em geral, os pardos passavam, tanto individual como familiarmente, por processos de mudança de status.
O letramento era um dos meios possíveis para que alcançassem ascensão social, pois, a partir disso, era possível para esta população ter acesso a cargos da baixa burocracia colonial. Nesse sentido, a instrução passou a ser, simultaneamente, resultado de processos de mobilidade e uma das condições para a sua continuidade.
A pesquisa de Priscila de Lima Souza dialoga com outros trabalhos, como são os de Solange Maria da Silva, Carter Godwin Woodson e William G. Acree Jr., que refletem sobre alfabetização e mobilidade social da população escravizada e seus descendentes na perspectiva de evidenciar como o letramento era um fator constante nos processos de transformação do status experimentados por partes da comunidade parda.
Referências
WOODSON, C.G. The Education of the negro prior to 1861. A history of the education of the colored people of the United States from the beginning of slavery to the Civil War [online]. [S. l.: s. n], 1919 [viewed 12 December 2023]. Project Gutenberg. Available from: https://www.gutenberg.org/ebooks/11089.
SILVA, S.M. Estratégias e práticas educativas dos negros na Comarca do Rio das Velhas, século XVIII [online]. Repositório Institucional da UFMG. 2011 [viewed 12 December 2023]. Available from: http://hdl.handle.net/1843/FAEC-8MSH5T
ACREE JR., W.G. Jacinto Ventura de Molina. A black letrado in a white world of letters, 1766-1841. Latin American Research Review [online]. 2022, vol. 44, no. 2, pp. 38-58 [viewed 12 December 2023]. https://doi.org/10.1353/lar.0.0113. Available from: https://www.cambridge.org/core/journals/latin-american-research-review/article/jacinto-ventura-de-molina-a-black-letrado-in-a-white-world-of-letters-17661841/70D011C67BEF9F2E5615DBCE9F40F76B
Para ler o artigo, acesse
SOUZA, P,L. Pardos letrados em sociedades escravistas: educação e mudança de status social (América portuguesa e Caribe espanhol, c.1750-1807). Almanack [online]. 2023, vol. 34, ea00922 [viewed 12 December 2023]. https://doi.org/10.1590/2236-463334ea00922. Available from: https://www.scielo.br/j/alm/a/ymcR6CrRPWkGcKCsvkvFysm/
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