Lysia Rachel Moreira Basílio, Doutora em Psicologia Cognitiva pela Universidade Federal de Pernambuco e docente da UNIFAVIP/DeVryBrasil, Caruaru, PE, Brasil. E-mail: lysia.psi@gmail.com
Pesquisadores da Pós-Graduação em Psicologia Cognitiva, da Universidade Federal de Pernambuco, publicaram na Estudos de Psicologia (Campinas), volume 34, número 2 de 2017, a pesquisa “Self-concept dialectical transformation: A study in a women’s prison”. Este trabalho encontrou importantes transformações psicológicas no autoconceito de mulheres que vivenciam a experiência da prisão. É escassa a investigação desta temática no campo da Psicologia, especialmente no âmbito brasileiro, apesar da urgência social em encontrarem-se recursos para lidar com o aumento da criminalidade e as dificuldades na ressocialização. A compreensão das mudanças na estrutura cognitiva durante o encarceramento poderá auxiliar o planejamento de políticas e ações psicossociais durante o cumprimento de penas em regime fechado. Tais aspectos tornam esta pesquisa inédita e relevante, ao destacar a importância da realização de outros estudos na prisão.
Foram entrevistadas 150 mulheres, em duas instituições prisionais do Estado de Pernambuco. Estas mulheres estavam aguardando julgamento ou respondendo pena por tráfico de drogas. Foram utilizados três diferentes questionários, com escalas referentes a elementos do autoconceito e da autoconsciência. Foram ainda analisados fatores como tempo de prisão, quantidade de prisões, existência de parentes presos anteriormente, idade e escolaridade das mulheres entrevistadas.
Os principais achados do estudo confirmaram que a prisão é uma circunstância da vida que promove transformações na dinâmica de funcionamento do autoconceito. As transformações mais expressivas foram a ampliação de fatores como: consciência a respeito de si, arrojamento, reflexão e escolaridade, em decorrência do tempo de prisão. Ainda surgiram atitudes positivas, como o aumento dos fatores ajustamento social e sensualidade. Estas estratégias de adaptação cognitiva, em situação de extremo sofrimento, ajudam a manter a saúde mental e planejar a vida futura, pós reclusão.
Estudos sobre o autoconceito e a autoconsciência ampliam a compreensão sobre o funcionamento da capacidade reflexiva humana (DASGUPTA, 2013; DEMO, 1992). Devem ser idealizadas maneiras de investigação destes elementos em situações extremas, comparando, por exemplo, resultados de entrevista de pessoas adentrando o sistema prisional pela primeira vez, e nova entrevista, com as mesmas pessoas, após anos de encarceramento, para uma maior compreensão do papel da prisão nas transformações cognitivas, e consequente proposição de ações mais eficazes no âmbito da ressocialização.
A pesquisa foi realizada com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Referência
DASGUPTA, N. (2013). Implicit attitudes and beliefs adapt to situations: A decade of research on the malleability of implicit prejudice, stereotypes, and the self-concept. In: DEVINE, P.; PLANT, A. (Ed.). Advances in experimental social psychology. Burlington: Academic Press, 2013. v. 47, p. 233-279.
DEMO, D. H. The self-concept over time: Research issues and directions. Annual Review of Sociology, v. 18, p. 303-326, 1992.
Para ler o artigo, acesse
BASILIO, L. R. M., ROAZZI, A., NASCIMENTO, A. M. and ESCOBAR, J. A. C. Self-concept dialectical transformation: A study in a women’s prison. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2017, vol.34, n.2, pp.305-314. [viewed 27 July 2017]. ISSN 1982-0275. DOI: 10.1590/1982-02752017000200011. Available from: http://ref.scielo.org/8h2q8z.
Link externo
Estudos de Psicologia (Campinas) – ESTPSI: www.scielo.br/estpsi
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