Instituições de microcrédito e suas formas legais são tema de estudo empírico

Guilherme Viana, Assistente editorial da Revista Contabilidade & Finanças, São Paulo, SP, Brasil

O artigo “A relação entre o desempenho e a forma legal das instituições de microcrédito”, publicado na Revista Contabilidade & Finanças (v. 28, n. 75), apresenta que os micro e pequenos empreendimentos possuem especificidades próprias no mercado financeiro. Embora sejam maioria, poucas vezes estão em evidência nos estudos acadêmicos. Preenchendo esta lacuna, Ruan Rodrigo Araújo da Costa estudou instituições de microcrédito (IMCs) para entender sua forma legal e seu desempenho enquanto ferramenta essencial para micro e pequenos empreendimentos, além de seu papel como fonte de crédito para comunidades carentes. Assim, tendo como base Serrano-Cinca e Gutiérrez-Nieto (2014), Roberts (2013), Hermes e Lensink (2011), entre outros, o autor buscou analisar o desempenho social, financeiro e a eficiência das IMCs.

O autor selecionou como amostra da pesquisa dados financeiros de 304 IMCs distribuídas em 54 países, tendo como escopo o período de 2007 a 2012. As IMCs formaram quatro grupos, sendo o primeiro composto por bancos, o segundo por organizações não governamentais, o terceiro por cooperativas e o quarto grupo formado por instituições financeiras não bancárias (IFNBs) e bancos rurais. A divisão da amostra em grupos permitiu a percepção dos diferentes impactos gerados por cada um deles, como o desempenho social, o financeiro e a eficiência das IMCs.

Dentre os principais achados, constam a autossuficiência operacional das maiores IMCs, a tendência a maior consolidação de IMCs menores quando se fundem a outras IMCs e o impacto social causado por cooperativas que fornecem empréstimos menores, porém recebendo maiores lucros e retornos. Cooperativas, IFNBs e bancos rurais demonstraram “conseguir equilibrar as exigências por desempenho financeiros, visando a garantir o retorno dos investimentos realizados e a sustentabilidade financeira da organização, com as demandas dos investidores por resultados sociais” (COSTA, 2017, p. 388).

Através de sua pesquisa, o autor chama atenção para o fato de que há uma grande oportunidade de investimento e incentivo em IMCs maiores, que se mostraram mais capacitadas para atender o mercado de micro e pequenos empreendimentos e de gerar maior impacto social para pessoas e comunidades carentes. O autor recomenda, ainda, as IMCs que adotam a forma legal de IFNBs, bancos rurais e cooperativas. Assim, a pesquisa se mostra relevante ao analisar um importante escopo do cenário econômico com uma amostra ampla e internacional, além de incentivar o investimento na área de microcrédito.

Referências

HERMES, N. and LENSINK R. Microfinance: its impact, outreach, and sustainability. World Development. 2011, vol. 39, no. 6, pp. 875-881, ISSN: 0305-750X [viewed 27 October 2017]. DOI: 10.1016/j.worlddev.2009.10.021. Avaliable from: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0305750X11000581

ROBERTS, P. W. The profit orientation of microfinance institutions and effective interest rates. World Development. 2013, vol. 41, pp. 120-131, ISSN: 0305-750X [viewed 27 October 2017]. DOI: 10.1016/j.worlddev.2012.05.022. Avaliable from: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0305750X12001441

SERRANO-CINCA, C. and GUTIÉRREZ-NIETO, B. Microfinance, the long tail and mission drift. International Business Review. 2014, vol. 23, no. 1, pp. 181-194, ISSN: 0969-5931 [viewed 27 October 2017]. DOI: 10.1016/j.ibusrev.2013.03.006. Avaliable from: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S096959311300053X

Para ler o artigo, acesse

COSTA, R. R. A. da. A relação entre o desempenho e a forma legal das instituições de microcrédito. Rev. contab. finanç. [online]. 2017, vol.28, no.75, pp.377-389, ISSN 1808-057X [viewed 20 December 2017]. DOI: 10.1590/1808-057×201703660. Available from: http://ref.scielo.org/qpzddt

Link externo

Revista Contabilidade & Finanças – RCF: http://www.scielo.br/rcf