Dossiê Desastres Urbanos é destaque em Cadernos Metrópole

Breno Procópio, Gestor de Comunicação do INCT Observatório das Metrópoles, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Há um padrão de urbanização no Brasil e em toda a América Latina de áreas “não urbanizadas” nas cidades, ocupadas principalmente por grupos sociais de menor renda expostos a risco ambientais significativos, como inundações e alagamentos. Essa realidade é o tema do Dossiê “Desastres Urbanos” de Cadernos Metrópole (v. 20, n. 42), que analisa como a associação entre um padrão de urbanização não organizado e eventos climáticos extremos tem gerado a expansão de riscos ambientais, atingindo populações e espaços cada vez maiores.

Segundo o professor Roberto Luiz do Carmo, vinculado à UNICAMP e organizador deste dossiê são cinco textos que apresentam de maneira mais direta a questão dos desastres urbanos. Eles trabalham casos específicos de desastres, um na Argentina, um no México e três no Brasil, destacando os aspectos ambientais e fisiográficos que deflagraram o desastre, mas também evidenciando que a extensão do desastre, em termos de população atingida e de prejuízos materiais, é em grande parte resultante da forma como se estruturaram as áreas urbanas ao longo das décadas recentes.

No primeiro texto, “Cambio climático, inundaciones y ‘lagunas’ de información. Análisis de inundaciones a través de rastreo de artículos periodísticos en el Gran La Plata (Buenos Aires, Argentina)”, as pesquisadoras Daniela Vanesa Rotger, María Aversa e Estefanía Jáuregui (2018), mostram como os episódios de chuvas intensas foram abordados pela imprensa argentina em um longo período, entre os anos de 1911 e 2014. As autoras destacam a perspectiva que relaciona a expansão da área metropolitana e a construção social dos desastres que decorre das características desse processo de urbanização.

Já no artigo “El sismo del 19 de septiembre. ¿Cómo enfrentamos la crisis en Morelos, México?”, Rafael Monroy Ortiz et al. (2018), apresentam em seu trabalho, que, embora os riscos sísmicos sejam pouco previsíveis, o número de vítimas humanas e de perdas materiais é agravado pela falta de políticas públicas capazes de diminuir as vulnerabilidades estruturais, evidenciando que os principais afetados pelos abalos são as populações de baixa renda.

Tathiane Mayumi Anazawa (2018), no texto “A escassez hídrica na Região Metropolitana de Campinas entre 2013-2015: a perspectiva de um desastre socialmente construído”, analisa, em seu trabalho, como uma sucessão de processos sociais, potencializado por um evento climático extremo de estiagem prolongada, pode levar a uma situação de desastre, expondo uma população metropolitana ao risco de desabastecimento hídrico. Destaca da percepção da crise hídrica pelos agentes sociais envolvidos diretamente com o processo de gestão da água.

Por sua vez, Vitor Vieira Vasconcelos et al. (2018), no artigo “Disaster risk management and hydrographic basin analysis: the geotechnical map of suitability for urbanization of Itapevi – São Paulo, Brazil”, focalizam a questão da urbanização, mostrando o potencial das cartas geotécnicas para a definição de áreas adequadas para a ocupação. Além dos modelos de modelagem, foi realizado também um mapeamento participativo, com a finalidade de complementar as informações levantadas.

Teresa Cristina da Silva Rosa et al. (2018), no texto “Risco associado a movimento de massa no Morro Boa Vista (Vila Velha/ES): da caracterização do território à necessidade de políticas públicas”, fazem uma discussão abrangente sobre um desastre, com os fatores intervenientes e um conjunto de processos associados, evidenciando as dificuldades do poder público em oferecer respostas efetivas em situações agudas. Também mostram como as decorrências dos desastres permanecem ao longo do tempo.

Este número de Cadernos Metrópole é completado por um conjunto de textos que aborda questões que estão indiretamente relacionadas aos desastres, na medida em que tratam de processos que são intervenientes e estruturantes do processo de urbanização, incluindo a questão ambiental urbana e da mobilidade urbana.

Para ler os artigos, acesse

Cad. Metrop. vol.20 no.42 São Paulo May/Aug. 2018

Link externo

Cadernos Metrópole – CM: www.scielo.br/cm

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

PROCÓPIO, B. Dossiê Desastres Urbanos é destaque em Cadernos Metrópole [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2018 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2018/10/11/dossie-desastres-urbanos-e-destaque-em-cadernos-metropole/

 

2 Thoughts on “Dossiê Desastres Urbanos é destaque em Cadernos Metrópole

  1. Desentupidora 24 horas Central do Esgoto on November 6, 2018 at 17:50 said:

    Olá. Gostamos muito do post de vocês e estamos desenvolvendo um post no nosso blog sobre os perigos da ocupação desenfreada frente aos riscos de alagamentos em regiões ribeirinhas gostaríamos de saber se podemos repostar seu conteúdo, somos a Central do Esgoto que é uma desentupidora 24 horas que está ativa há 16 anos em São Paulo.

    • Henrique Rodrigues on November 7, 2018 at 07:57 said:

      Olá! O conteúdo pode sim ser repostado sem problemas, no final do nosso post compartilhamos como citar ele. Obrigado.

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