Rafael Kalinoski, doutorando em Gestão Urbana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), membro do Corpo Editorial da Revista Urbe, e professor no Centro Universitário de Tecnologia de Curitiba (UNIFATEC) e no Instituto Municipal de Administração Pública (IMAP) da Prefeitura Municipal de Curitiba, Curitiba, PR, Brasil.
No artigo Níveis urbanos e financeirização: síntese possível?, publicado no periódico urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, os pesquisadores propõem entender a financeirização a partir da concepção da cidade como objeto de mediação interescalar. A financeirização é compreendida como uma influência crescente das intenções e agentes financeiros em todas as esferas da vida urbana na contemporaneidade. Para isso, adotam a metodologia dos “níveis urbanos”, proposta originalmente por Lefebvre, para entender a relação entre eventos do cotidiano e processos abstratos gerais e globais.
Este estudo não apenas explora os diferentes níveis propostos por Lefebvre, mas também discute a importância de não hierarquizar esses níveis, buscando mostrar suas articulações e projeções sobrepostas. Destaca-se que a noção de nível vai além da concepção de escala e desempenha um papel fundamental na compreensão do fenômeno urbano, um ponto de intersecção entre o global e o cotidiano.
Além disso, a discussão abre o debate sobre a compreensão dos mecanismos de reprodução socioespacial urbana da financeirização. Destaca-se a tendência de penetração da lógica financeira nos diferentes níveis, desde os espaços econômicos e políticos até o cotidiano e consumo. Como exemplo, focam no avanço da política habitacional via mercado e na financeirização do varejo. Evidentemente, essas lógicas se espalham pelo país conforme as peculiaridades históricas, geográficas e os processos de urbanização de cada região, conformando em um avanço desigual.
Compreender os níveis urbanos, global e privado, é essencial para garantir a reprodução sistêmica em meio a contextos históricos e geográficos diversificados. As cidades contemporâneas são moldadas pela lógica financeira, sendo “manequins ideais” para especular, comercializar e valorizar produtos priorizados para o mercado. A absorção do capital excedente promove uma busca acelerada por novas localizações, desafiando a noção tradicional de centro e periferia. Investimentos financeiros se expandem em áreas diversificadas, resultando em novas centralidades e transformações na estrutura da cidade.
O debate da renda fundiária urbana também se torna complexo, pois novos agentes se somam aos proprietários fundiários tradicionais, tornando a terra um ativo fluido para a especulação global. A cidade é comercializada e fragmentada, liderada pela especulação e pela renda da terra, refletindo a lógica da acumulação financeira.
Este estudo destacou a influência da lógica financeira nos diferentes níveis urbanos propostos por Henri Lefebvre, revelando a interação complexa entre política, economia espacial e cotidiano nas cidades. Somando-se a diversos estudos da última década no Brasil, este estudo reforçou o aumento significativo da influência financeira nos setores habitacionais e comerciais. Esse fenômeno resulta em desigualdades e novos padrões de consumo influenciados pela tecnologia. Enfrentar essa lógica requer abordagens complexas com foco em cidades mais justas no contexto da financeirização.
Para ler o artigo, acesse
SILVA, M.L. and RODRIGUES J. C. Níveis urbanos e financeirização: síntese possível? Urbe. Revista Brasileira De Gestão Urbana [online]. 2023, vol. 15, e20220205 [viewed 05 January 2024]. https://doi.org/10.1590/2175-3369.015.e20220205. Available from: https://www.scielo.br/j/urbe/a/zrLbPbCXvMWbBHxvjp6k3jv/
Links externos
urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana – SciELO: https://www.scielo.br/urbe/
urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana – Redes Sociais: Facebook | Twitter
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) – Redes Sociais: Facebook | Twitter | Instagram
Programa de Pós-graduação em Gestão Urbana (PPGTU / PUCPR): Facebook
Rafael Kalinoski: LinkedIn | Instagram
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Últimos comentários