Mariana Montagnini Cardozo, doutoranda em educação e professora, Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Secretaria Municipal de Educação de Londrina, Londrina, PR, Brasil
Tony Honorato, docente do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, PR, Brasil
O artigo A educação do corpo na formação de professoras, publicado pelo periódico Educação e Pesquisa (vol. 50, 2024), investigou a primeira escola de formação de professoras/es da cidade de Londrina (Paraná, Brasil). O objetivo foi identificar as práticas e perspectivas educativas que influenciaram na educação da corporalidade e da personalidade das mulheres.
A educação do corpo na escola é entendida como um processo educativo que envolve a escolha de conteúdos e saberes específicos, a formação moral, a educação estética e das sensibilidades dos indivíduos. Esse processo resulta na constante internalização, naturalização e transformação de comportamentos e de uma consciência de si que são específicos e produzidos no social.
Para realizar a pesquisa utilizou-se como evidências empíricas os documentos históricos disponíveis no arquivo da escola. As fontes foram analisadas a fim de identificar quais disciplinas, quais discursos, quais saberes e práticas educativas contribuíram para a formação de um comportamento e uma personalidade específica na estudante, como mulher e como professora. A investigação situou-se temporalmente na década de 1970.
Entende-se que, como grupo social, as mulheres encontram-se – historicamente – em desequilíbrio nas relações de poder entre os sexos, tal desigualdade reverberou e reverbera na elaboração e difusão de condutas e comportamentos diferenciados, que se converteram em costumes sociais que são dificilmente rompidos. Por meio da análise das fontes, verificou-se que a mulher em formação de professora foi sendo educada a fim de internalizar uma atitude polida, responsável, delicada, equilibrada e resignada. Buscando-se a naturalização de um comprometimento e comportamento específicos vinculado a figuração escolar, mas também às suas reponsabilidades no lar.
Tendo em vista a influência desses processos formativos na composição social da corporalidade e da sensibilidade da mulher e da professora e sua contribuição para a internalização de uma autoimagem específica nessas mulheres, entende-se a urgência em pensar sobre os processos históricos que as produziu. Com isso, reforça-se a importância de compreender e questionar tais processos educativos que direcionam atribuições sociais específicas às mulheres e que precisam ser revistas, criticadas e rompidas.
Para ler o artigo, acesse
CARDOZO, M.M and HONORATO, T. A educação do corpo na formação de professoras. Educ. Pesqui. [online]. 2024, vol. 50, e271848 [viewed 17 January 2024]. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202450271848por. Available from: https://www.scielo.br/j/ep/a/VPY6H5rQc9gwgdz7WSP4GpC/
Referências
CARDOZO, M.M and HONORATO, T. História da educação do corpo: uma leitura com Norbert Elias. In: VIEIRA, A.F.B. and FREITAS JUNIOR, M.A. (org.). Norbert Elias em debate: usos e possibilidades de pesquisa no Brasil. Ponta Grossa: Texto e Contexto, 2020.
CARDOZO, M.M and HONORATO, T. Uma mulher decente, uma professora competente: práticas de educação do corpo na formação de professoras (IEEL, década 1970). História da Educação [online]. 2023, vol. 27, e122829 [viewed 17 January 2024]. https://doi.org/10.1590/2236-3459/122829. Available from: https://www.scielo.br/j/heduc/a/5tSLwhYdT7SmKFHb4jZXkQJ/
IEEL. Instituto Estadual de Educação de Londrina. Arquivo de Documentação Histórica. Londrina: IEEL, 2019.
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