As concepções de corpo na produção acadêmica da Educação Física

Augusto César Vilela Gama, Doutorando em Educação Física, Universidade de Brasília (UnB), Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Brasília, DF, Brasil.

O artigo Análise sobre o corpo nos anais do Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (CONBRACE), publicado no vol. 40 de 2024 pelo periódico Educação em Revista da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), identifica que, ao se conectar com os conhecimentos das ciências humanas, a Educação Física começa a compreender o corpo sob outros paradigmas para além da biologia. Por exemplo, as obras de Medina (1983) e Santin (1987) fazem críticas fortes a essa visão biologista do corpo humano e sinalizam a necessidade de uma Educação Física mais humanizada e voltada para a formação crítica dos sujeitos, permitindo, desse modo, que se emancipem das inúmeras opressões vividas dentro de uma sociedade de classes.

O ponto de partida para entender as produções acadêmicas sobre o corpo enquanto elemento social foi por meio da análise dos trabalhos completos publicados nos anais do CONBRACE entre 1997 e 2017. Com ênfase para as pesquisas do Grupo de Trabalho Temático Corpo e Cultura (GTTCC), por este representar “questões que enfoquem a indissociabilidade corpo/cultura a partir de diversas possibilidades nos campos das ciências humanas, sociais e das artes” (CBCE, 2024, p. 1).

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Dentre as diferentes concepções de corpo identificadas pela pesquisa, destacaram-se: o corpo como uma construção cultural, em que determinada cultura passa a se relacionar com o próprio corpo; o corpo como expressão existencial do ser humano, porquanto é pelo corpo que se existe; o corpo como máquina ou como organismo, concepções essas ligadas às ciências biológicas; o corpo sujeito pela corporeidade, no qual a constituição de um corpo é feita a partir da sua corporeidade, isto é, da sua relação com o mundo; e o corpo como expressão da identidade ou do simbólico, o qual se constitui por meio de linguagens e interações pessoais.

Constatou-se que as principais concepções de corpo observadas nos trabalhos analisados demonstram uma forte aproximação com as perspectivas das ciências humanas, sociais, da filosofia e das artes em todo o período investigado. Todavia, infelizmente, ainda existem estudos que apresentam o corpo somente pelo viés biológico, ou seja, pela perspectiva de uma máquina ou como sendo apenas um organismo, o que resulta em uma visão fragmentada e instrumentalizada de corpo.

Para ler o artigo, acesse

BAPTISTA, R.J.T., et al. ANÁLISE SOBRE O CORPO NOS ANAIS DO CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DO ESPORTE (CONBRACE). Educação em Revista [online]. 2024, vol. 40, e41634 [viewed 20 February 2025]. https://doi.org/10.1590/0102-469841634. Available from: https://www.scielo.br/j/edur/a/WnYqQtbhcSQjRtw4LdGkDXk/

Referências

GTT 03 – Corpo e Cultura [online]. Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. 2024 [viewed 20 February 2025]. Available from: https://cbce.org.br/gtt/gtt03-corpoecultura

MEDINA, S.P.J. A Educação Física cuida do corpo… e “mente”. Campinas: Papirus, 1983

SANTIN, S. Educação Física: uma abordagem filosófica da corporeidade. Rio Grande do Sul: Unijuí, 1987

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