Tiago Seminatti, Assistente editorial da Machado de Assis em linha – revista eletrônica de estudos machadianos, São Paulo, SP, Brasil
No último número do ano de 2018, em que o periódico completa uma década, a MAEL apresenta dossiê sobre Machado de Assis e a tradução, publicando cinco artigos que consideram o assunto a partir de vários objetos e perspectivas.
Em “Tradução e introdução das obras de Machado de Assis na China”, Zhihua Hu e Maria Teresa Roberto, ambos da Universidade de Aveiro, informam que atualmente existem quatro obras de Machado de Assis traduzidas para o chinês: Memórias póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro e uma coletânea de contos. No que se refere a textos críticos sobre o autor, avaliam que, de modo geral, as análises centram-se na biografia do escritor, em resumos e em breves comentários sobre a composição das obras. A partir de informações como essas, Hu e Roberto analisam as estratégias que os tradutores chineses adotam, considerando, principalmente, a teoria de Venuti (1995) sobre os conceitos de domesticação e estrangeirização no ato tradutório. Deste modo, apresentam exemplos presentes nas obras traduzidas de Machado que ora aproximam o texto da cultura chinesa ora procuram manter as características do texto em português. Além disso, outros conceitos dos estudos tradutológicos surgem na análise, como os métodos de ampliação e mudança. Assim, o artigo traça um panorama e análise da situação de Machado de Assis na China.
Em “Crônicas de Machado de Assis em tradução: marcas de edições vernáculas na tradução para o castelhano”, Rosário Lázaro Igoa, da Universidade Federal de Santa Catarina, avalia as alterações textuais e paratextuais de Crónicas escogidas (2008), único volume de crônicas de Machado que tem tradução para o castelhano, para mostrar que nesta versão as crônicas perdem seus aspectos jornalísticos e rumam em direção ao literário.
Em um terceiro estudo sobre a tradução de obras machadianas, a pesquisadora Flora Thomson-Deveaux, da Brown University, apresenta o artigo “Reading Machado through the looking-glass: case studies from translations of Memórias Póstumas“, em que coteja as traduções de Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) e mostra como as divergências entre elas oferecem a possibilidade de aprofundar a compreensão do texto em português.
A pesquisa documental é decisiva em dois outros artigos do dossiê: em “Três é demais! (ou por que Garnier não traduziu Machado de Assis?)”, Lúcia Granja, da Universidade Estadual Paulista, considera, amparada por arquivos do Brasil e França, os caminhos e descaminhos da relação de Machado de Assis com os irmãos editores Garnier, procurando entender o porquê de a obra machadiana ter sido traduzida tardiamente na Europa; já em “Machado de Assis e ‘Maria Duplessis’: a talvez primeira tradução”, Wilton José Marques, da Universidade Federal de São Carlos, lida com o Machado de Assis tradutor e lança a hipótese de que “Maria Duplessis”, de Alexandre Dumas Filho, seria a primeira tradução do escritor, feita a partir de uma tradução em prosa por Leonel Alencar.
Referência
VENUTI, L. The translator’s invisibilty: a history of translation. London; New York: Routdledge, 1995.
Para ler os artigos, acesse
Machado Assis Linha vol.11 no.25 São Paulo Dec. 2018
Link externo
Machado de Assis em Linha – MAEL: www.scielo.br/mael
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