Fernando Borsato, Mestrando em Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo e assistente editorial da Machado de Assis em Linha, São Paulo, SP, Brasil.
Neste quinto e último episódio do podcast da Machado de Assis em linha, Sílvia Maria Azevedo, Marta de Senna e João Roberto Faria falam sobre alguns dos dilemas e desafios que enfrentaram ao editar textos de Machado de Assis.
Marta de Senna, pesquisadora aposentada da Fundação Casa de Rui Barbosa, aponta as diferenças entre editar as obras de Machado de Assis há mais de uma década e hoje em dia. Ela lembra o caso do romance Helena: logo no primeiro capítulo, é mencionado o ano de 1950, na primeira edição; mas na segunda edição, e em todas as que a sucederam, o ano que aparece é 1959. Isso aconteceu porque, na primeira edição, o canto inferior esquerdo do algarismo “0” não estava bem impresso e parecia um “9”. Apenas uma consulta à primeira edição – facilitada pelo acesso online ao acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, da Universidade de São Paulo – permitiu que esse erro, que se perpetuou por mais de século, fosse sanado.
Em seguida, Sílvia Maria Azevedo, professora da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, discorre sobre a metodologia que desenvolveu para comprovar a autoria das crônicas da série “Badaladas do Dr. Semana” atribuídas ao escritor. Embora desde há muito percebesse, em uma série de textos publicados em jornal e inéditos em volume, a dicção de Machado de Assis, ela precisou isolar marcas internas e externas de autoria para poder considerá-los como produzidos pelo autor.
Para concluir, João Roberto Faria, professor aposentado da Universidade de São Paulo, chama a atenção para as possibilidades que se abrem aos editores e pesquisadores com as ferramentas da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, em cujo acervo certamente ainda há textos de Machado de Assis a serem descobertos. Um exemplo é uma crítica do romance O guarani, de José de Alencar, que Machado de Assis afirma, em outros textos, ter escrito, mas que ainda não foi localizada.
Ouça a seguir, no podcast, Rodrigo Trindade e Flávia Catita, assistentes editoriais da MAEL, conversarem com os pesquisadores Sílvia Maria Azevedo, Marta de Senna e João Roberto Faria. As entrevistas completas com os pesquisadores-editores constam no dossiê “Editar Machado de Assis”, publicado na Machado de Assis em Linha (vol. 13, no. 29).
Referências
ASSIS, M. de. O jornal e o livro. In: ASSIS, M. de. Machado de Assis: crítica literária e textos diversos. São Paulo: Editora Unesp, 2013.
DIEGO, M. Entrevista com Irene Moutinho e Sílvia Eleutério. Machado Assis Linha [online]. 2020, vol. 13, no. 29, pp. 123-147, ISSN: 1983-6821 [viewed 21 July 2020]. DOI: 10.1590/1983-6821202013299. Available from: http://ref.scielo.org/87x5jw
DIEGO, M. Entrevista com Marta de Senna. Machado Assis Linha [online]. 2020, vol. 13, no. 29, pp. 181-189, ISSN: 1983-6821 [viewed 21 July 2020]. DOI: 10.1590/1983-68212020132913. Available from: http://ref.scielo.org/km7hcg
GUIMARÃES, H. de S. Entrevista com João Roberto Faria. Machado Assis Linha [online]. 2020, vol. 13, no. 29, pp. 148-154. ISSN: 1983-6821 [viewed 21 July 2020]. DOI: 10.1590/1983-68212020132910. Available from: http://ref.scielo.org/zb5mx4
Links externos
Machado de Assis em Linha – MAEL: www.scielo.br/mael
www.facebook.com/machadodeassisemlinha/
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Parabéns pela série sobre Machado de Assis. E também à revista pela edição de textos. Acredito que a referência anual do romance Helena seja 1850 e não 1950.