Por Renata Coimbra Dantas de Almeida, jornalista da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Santarém, Pará, Brasil
Entre os anos de 2013 e 2016, a então graduanda em Antropologia pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) Juliana Fidelis fez uma imersão em duas casas de saúde reconhecidamente alternativas nos municípios de Santarém e Monte Alegre, no Pará.
Em “Por dentro da rede: a circulação de conhecimentos e práticas de saúde no baixo Amazonas” publicado no Boletim do Museu Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Juliana Fidelis e Luciana Carvalho relatam como são feitos os atendimentos e os tratamentos. Compostas majoritariamente por mulheres, as casas oferecem tratamentos de baixo custo, fundamentados em conhecimentos tradicionais associados a plantas e recursos naturais, aliados a outras técnicas terapêuticas.
A Casa Chico Mendes, onde atua o Grupo Conquista de Ervas Medicinais (GCEM), nasceu em 1992. A origem do espaço remonta ao projeto “Pela Evangelização”, desenvolvido pela Igreja Católica em Santarém. É a maior e mais antiga das casas de saúde da região, tratada pelas demais como um polo difusor de conhecimentos e de práticas de saúde. Em 1995, a Casa Verde foi fundada na cidade de Monte Alegre, abrigando o Grupo Itauajuri Ervas. A interação entre esses grupos originou uma rede de saúde que, atualmente, se estende a outros municípios paraenses, como Alenquer, Almeirim e Faro.
No princípio, os grupos elaboraram um inventário de conhecimentos tradicionais aplicados à produção de “remédios caseiros”. As duas casas abrem diariamente para prestar atendimento à população, que as reconhece como importantes espaços de saúde. Os quintais são tomados por canteiros com espécies vegetais plantadas na horta, e os medicamentos são preparados nas cozinhas. “O maior objetivo é a troca. Esses grupos são norteados por um sistema que incita a dar, receber e retribuir: conhecimentos, mudas de plantas, receitas, remédios, contatos e trabalho”, reforça Juliana Fidelis.
Protagonismo feminino – Tanto em Santarém quanto em Monte Alegre, é notória a primazia da atuação das mulheres. “Elas estão na constituição do sistema de trabalho nas casas e são a grande maioria dos voluntários que atuam nesses espaços. Elas estão à frente de todos os processos, desde os administrativos até os terapêuticos”, enfatiza Juliana.
Tradição e inovação – A pesquisa de Juliana, com artigo recentemente publicado no Boletim do Museu Emílio Goeldi. Ciências Humanas, conclui que, nos casos das casas de saúde alternativas do Baixo Amazonas, a tradição, fortemente associada aos tratamentos à base de plantas, tem sido conciliada com sucessivas inovações. Os conhecimentos que dão suporte às ações de saúde passam por um contínuo processo de construção, reelaboração e atualização. As práticas valorizam uma concepção de saúde global, agregando conhecimentos tradicionais e científicos relativos à saúde e à doença. Dessa forma, os tratamentos são definidos segundo uma lógica que valoriza a hibridez.
Para ler o artigo, acesse
FIDELIS, J.C. and DE CARVALHO, L.G. Por dentro da rede: a circulação de conhecimentos e práticas de saúde no baixo Amazonas. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas [online]. 2021, vol.16, no.01 [viewed 31 August 2021]. https://doi.org/10.1590/2178-2547-BGOELDI-2020-0002. Available from: http://ref.scielo.org/5s92fw
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