Ricardo Biaobock – Mestre e doutorando em Gestão Urbana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Membro do corpo editorial da Revista Urbe. Curitiba, Paraná, Brasil.
A violência urbana traz prejuízos econômicos e afeta o modo que as pessoas se comportam nas cidades (CARDOSO; SANTOS; SILVA, 2021). Do mesmo modo, a utilização do transporte público é, ao menos parcialmente, condicionada por ocorrências criminais, sendo essa uma variável considerada pelos usuários (NEWTON, 2004). No entanto, o sistema de transporte não é influenciado da mesma forma em todas as áreas das cidades, com algumas regiões sendo mais vulneráveis aos efeitos da violência. Contribuindo para o debate, os autores Marcus Hugo Sant’Anna Cardoso, Tálita Floriano Santos e Marcelino Aurélio Vieira da Silva abordam o comportamento do sistema de transporte público na cidade do Rio de Janeiro em relação à violência no artigo intitulado “Violence in Public Transport: An Analysis of Resilience and Vulnerability in the City of Rio de Janeiro”, recentemente publicado na Revista Urbe, vol. 13/2021. Para compreender os níveis de vulnerabilidade do transporte público em relação às ocorrências criminais, os autores aplicaram um método de lógica difusa (fuzzy logic), utilizando variáveis como: tempo de viagem, índice de ocorrência criminal, índice de bases policiais e média salarial. Como resultado, foi construído um mapa da vulnerabilidade do sistema de transporte público por regiões administrativas, conforme figura 1:
Em termos de vulnerabilidade, a região administrativa com o maior índice foi Campo Grande. Como destacado no artigo, essa região conta com poucas opções de transporte, a menor cobertura de atendimento policial e uma baixa média salarial. A mesma metodologia utilizada para determinar a vulnerabilidade das regiões foi aplicada para o mapa de resiliência, conforme observado na figura 2:
Entre as cinco regiões com maior resiliência, três estão localizadas na região sul do Rio de Janeiro, a mais atendida pelo metrô, com proximidade do centro e com médias salariais mais altas. Com o cruzamento de informações sobre vulnerabilidade e resiliência, também pode ser percebido que nenhuma das cinco regiões mais vulneráveis aparecem entre as mais resilientes. Esse estudo traz valiosas informações para as discussões sobre o sistema público de transporte, auxiliando políticas públicas nessa área, podendo facilitar o direcionamento de esforços e recursos.
Referências
NEWTON, A. D. Crime on Public Transport: ‘Static’ and ‘Non-Static’ (Moving) Crime Events. Western Criminology [online]. 2004, vol.05, no.03, pp.25–42 [viewed 13 September 2021]. Available from: https://www.researchgate.net/publication/251639757_Crime_on_Public_Transport_’Static’_and_’Non-Static’_Moving_Crime_Events
Para ler o artigo, acesse
CARDOSO, M. H. S., SANTOS, T. F. and SILVA, M. A. V. (2021). Public safety and urban mobility: evaluation of vulnerability and resilience in the city of Rio de Janeiro. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana [online]. 2021, vol.13 [viewed 13 September 2021]. https://doi.org/10.1590/2175-3369.013.e20200231. Available from: http://ref.scielo.org/fw65v9
Links externos
Marcelino Aurélio Vieira da Silva – https://www.pet.coppe.ufrj.br/index.php/pt/o-programa/docentes/docentes-2/23-professores/45-prof-marcelino-aurelio-vieira-da-silva
Tálita Floriano dos Santos – https://sigaa.ufpi.br/sigaa/public/docente/portal.jsf?siape=1118302
urbe. Revista Brasileira de Gestão – URBE: https://www.scielo.br/revistas/urbe/paboutj.htm
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