Simone Barreto Anadon, Professora adjunta, Doutorado em Educação, Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Instituto de Educação, Rio Grande, Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil.
Desde o final dos anos de 1980, múltiplos esforços vêm sendo realizados com o objetivo de mobilizar a sociedade para atuar de forma mais ativa e responsável nas políticas oficiais de reestruturação da educação, considerando os desafios da extensão da escolaridade básica no país e sua distribuição desigual entre a população e o sofrível desempenho desse sistema, frente às exigências da globalização e do sistema financeiro internacional. A perspectiva de otimização de custos-benefícios levou os diferentes governos a investir em políticas, programas e projetos que centralmente tratam a questão educacional dentro de uma perspectiva econômico-empresarial, buscando resultados em curto prazo. Parcerias público-privadas, envolvimento do chamado terceiro setor, de fundações e de outros agentes sociais são a tônica do que tem se denominado na literatura educacional como um movimento de responsabilização e autorresponsabilização de todos e de cada um pela educação no país. Nessa direção, alguns setores empresariais, como o das comunicações, têm tido um papel significativo no apoio e na sustentação das políticas educacionais e suas estratégias, criando um consenso em torno de sua legitimidade e motivando a população para com elas colaborarem ativamente.
O trabalho investigativo realizado selecionou uma seção do site “Educar para Crescer” para abordar as estratégias discursivas utilizadas no intuito de convencer a população, e especialmente os pais, da necessidade e importância dos testes padronizados, e a consistência do IDEB para se considerar o que é uma educação, uma escola e uma prática pedagógica de qualidade. Dessa forma, o site consiste em um espaço entre outros que divulga o discurso de responsabilização sobre a qualidade da educação nacional, posicionando a todos de maneira muito particular. Mesclando aspectos da tradição pedagógica com discursos de caráter gerencial e desenvolvimentista, e recursos imagéticos da indústria cultural de massas como a telenovela brasileira, o artefato convence e mobiliza afetos.
De acordo com as pesquisadoras, todos são convocados a verificar índices, indagar sobre os desempenhos junto aos docentes, engajar-se em propostas que viabilizem atingir as metas e responsabilizar-se pela gestão e transformação dos desempenhos das escolas. “Auditar para crescer” poderia resumir a convocação que o discurso empreende, fomentando a vigilância dos diferentes agentes sociais para consolidar os objetivos das reformas oficias.
Para ler o artigo, acesse:
ANADON, S. B. and GARCIA, M. M. A. “Educar para crescer” ou auditar para crescer? Governando para o desenvolvimento. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. [online]. 2015, vol.23, n.87, pp. 341-365. [viewed 22th June 2015]. ISSN 0104-4036. DOI: 10.1590/S0104-40362015000100014. Available from: http://ref.scielo.org/xgjfcv
Link relacionado:
Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação – http://www.scielo.br/ensaio/
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