Os desafios da educação inclusiva no Brasil

Maria Marta Nascimento, bibliotecária, Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, SP; mestranda, Labjor/Unicamp, Campinas, SP

Pesquisadoras do programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de São Paulo publicaram um estudo no volume 26, número 3 da revista Psicologia USP sobre os desafios e as necessidades para a implementação da educação inclusiva no país.

A proposta da educação inclusiva deve ser entendida como uma modalidade de educação que engloba todos aqueles que, tradicionalmente, são dela excluídos: “crianças e adolescentes pobres, negros, indígenas, imigrantes, em conflito com a lei, entre outros” (p. 453).

Neste estudo, as pesquisadoras Marian Ávila de Lima Dias, Simone Conceição Rosa e Patrícia Ferreira Andrade, no artigo “Os professores e a educação inclusiva: identificação dos fatores necessários à sua implementação” identificaram, na literatura, 20 fatores que podem ser considerados relevantes para efetivar a educação inclusiva e os agruparam em três grandes classes, sendo elas:

– Fatores individuais: relativos à formação do professor e educação continuada, atitudes, emoções, utilização de referencial teórico para tomada de decisão e reflexão sobre a prática;

– Fatores intraescolares: relativos ao ambiente e partilha de experiência, comunicação, reflexão e discussão, gestão democrática, equipe, qualidade das relações no ambiente escolar, criação e valorização da socialização e do educador;

– Fatores sociais: políticas públicas, modelos social e econômico de educação inclusiva, participação da comunidade.

A partir disso, as pesquisadoras entrevistaram três professoras que atuam em escolas de Ensino Fundamental na cidade de São Paulo que consideram adotar a educação inclusiva (uma municipal, uma estadual e uma particular). O objetivo da entrevista foi o de identificar e registrar as opiniões, as experiências e o posicionamento das professoras frente à implementação da educação inclusiva nessas escolas.

Pelas entrevistas, as autoras identificaram que, entre as principais queixas das professoras, encontra-se a formação universitária deficiente para atuar nesta frente e destacam a importância da educação continuada. Além disso, as entrevistadas relatam as dificuldades de relação entre as diferentes instâncias da escola, falta de apoio e envolvimento por parte das lideranças e das autoridades públicas que não estão comprometidas com o processo de educação inclusiva e assinalam que há pouca possibilidade de troca de experiências e pouco espaço para reflexão ou discussão sobre o assunto.

Como conclusão, as autoras ressaltam que, embora os textos científicos especifiquem diversos fatores, esta percepção não é visível no cotidiano das professoras entrevistadas e se concentram, basicamente, nos fatores individuais, que são vistos como independentes do clima social e político. Segundo as autoras, há “necessidade de maior ênfase na formação dos professores nos aspectos políticos e éticos capazes de dimensionar a educação inclusiva como proposta coletiva capaz de contribuir significativamente na qualidade da educação” (p. 460).

Para ler o artigo, acesse:

DIAS, M. Á. L., ROSA, S. C., and ANDRADE, P. F. Os professores e a educação inclusiva: identificação dos fatores necessários à sua implementação. Psicol. USP [online]. 2015, vol.26, n.3, pp. 453-463. [viewed 28^th January 2016]. ISSN 1678-5177. DOI: 10.1590/0103-656420140017. Available from: http://ref.scielo.org/3kt6bv

Link externo:

Psicologia USP – PUSP – www.scielo.br/pusp