Celia Regina Henriques, professora do Curso Especialização em Psicoterapia de Família e Casal do Departamento de Psicologia da PUC-Rio
Terezinha Féres-Carneiro, professora titular do Departamento de Psicologia PUC-Rio
Andrea Seixas Magalhães, professora associada do Departamento de Psicologia PUC-Rio, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Pesquisadores da PUC do Rio de Janeiro vêm desenvolvendo estudos sobre o tema dos filhos adultos que ainda moram com os pais, abordando tanto a relação entre o mundo social e a família contemporânea, quanto a dinâmica interativa que se estabelece entre pais e filhos no cotidiano familiar. Esta investigação é coordenada pela professora doutora Terezinha Féres-Carneiro e realizada pela doutora Celia Regina Henriques, e seus resultados podem ser conferidos na Estudos de Psicologia (Campinas), primeiro número de 2016.
Os pesquisadores investigaram como se articulavam os diálogos que compunham os planos do ‘sair de casa’, desde a sua problematização até as tensões envolvidas. Para tanto, foi utilizada uma metodologia qualitativa de pesquisa. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, tendo como participantes 10 filhos adultos, 5 homens e 5 mulheres, membros de famílias casadas e separadas, da classe média carioca, que coabitavam com os pais. Os participantes, tinham de 26 a 36 anos, eram todos solteiros, profissionais de nível superior e trabalhavam. As entrevistas foram transcritas a partir das gravações em áudio para análise de seu conteúdo.
Os relatos dos entrevistados revelaram uma percepção de convivência familiar marcada por ambiguidades, ora vista como tranquila, ora como repetitiva, incômoda e desconfortável, criando um ambiente de desorientação, tensão e desconforto. A saída da casa dos pais é um processo gradual e dinâmico, sendo negociado entre os membros da família, e marcado por ganhos e perdas decorrentes da convivência prolongada. Cada membro pode ir até determinado ponto, sendo que o passo de um indica o movimento do outro e, assim, o espaço familiar está sempre se transformando.
Tradicionalmente, a saída da casa dos pais está associada à conquista de autonomia dos filhos, conjugada a um gesto de amor dos pais. As transformações sociais da atualidade, entretanto, indicam a complexidade desse momento familiar, tendo em vista a diversidade de fatores que participam desse processo. Na contemporaneidade, destacam-se as flutuações do mercado de trabalho, que direcionam as aquisições educacionais daqueles que visam um melhor posicionamento no mercado, a fragilização das relações afetivas, e o consequente adiamento do casamento.
Referências
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Para ler o artigo, acesse
Henriques, C. R., Feres-Carneiro, T. and Magalhaes, A. S. Ambivalence in adulthood: Leaving the parental home. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2016, vol.33, n.1, pp. 5-14. [viewed 11th March 2016]. ISSN 1982-0275. DOI: 10.1590/1982-02752016000100002. Available from: http://ref.scielo.org/98qs26
Link externo
Estudos de Psicologia (Campinas) – ESTPSI: www.scielo.br/estpsi
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