María Luz Endere e María Laura Zulaica, pesquisadoras do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET); Universidad Nacional del Centro de La Provincia de Buenos Aires, ciudad de Olavarría, Argentina
Graças ao apoio do Centro de Estudios Arqueológicos y Antropológicos da Escuela Superior Politécnica del Litoral (ESPOL), e muito especialmente aos doutores Jorge Marcos e Silvia Álvarez, as autoras elaboraram uma metodologia para avaliar a sustentabilidade sociocultural do sítio arqueológico “Centro de Turismo Comunitario de Agua Blanca” na província de Manabí, Equador. Assim mesmo, analisaram a sustentabilidade do sítio em função das políticas e linhas estratégicas do “Plan Nacional del Buen Vivir 2013-2017”, promovido pelo “Régimen del Buen Vivir” estabelecido na Constituição equatoriana de 2008.
A pesquisa foi realizada a partir do trabalho de campo desenvolvido em 2014 no marco do Programa Pometeo da SENESCyT (Secretaría Nacional de Educación Superior, Ciencia, Tecnología e Innovación), e publicada no periódico Ambiente & Sociedade.
Esse caso constitui uma referência de nível nacional ao respeito do envolvimento de uma comunidade nativa na preservação de um sítio arqueológico que se encontra dentro do Parque Nacional Machalilla, e que naquele momento serviu á comunidade como justificativa para continuar habitando a área protegida. No sítio arqueológico encontram-se alicerces de pedra de vários milhares de estruturas e restos atribuíveis às culturas Valdivia, Machalilla, Chorrera, Bahía, Guangala e Manteña. O complexo tem prédios de grandes dimensões com centros de interpretação e um museu.
As autoras afirmam que a sustentabilidade sociocultural do sítio patrimonial, avaliada a partir de indicadores e levando em conta critérios específicos, constitui um ponto de partida muito útil para reverter situações críticas. Nesse caso, o envolvimento da comunidade de Agua Blanca na configuração do sítio determina, em grande medida, o alto nível de sustentabilidade de seu patrimônio tangível e intangível alinhando-se com os objetivos do “Buen Vivir” (Bem Viver).
Os resultados da pesquisa revelam que a sustentabilidade sociocultural do sítio no contexto analisado é alta em 64% dos indicadores considerados, e média em 32% deles. Exclusivamente um dos indicadores apresenta uma valoração baixa, aquele relativo à vinculação institucional da comunidade com os organismos do estado, cuja participação revela-se muito fraca. No entanto, visto que o Centro se autoadministra e autofinancia, essa fraqueza não representaria uma ameaça.
Como resposta à inexistência de metodologias específicas de avaliação da sustentabilidade sociocultural dos sítios patrimoniais, as autoras identificaram seis grandes critérios de avaliação (caraterísticas e estado do sítio; administração; percepção; transmissão de conhecimentos e saberes; sustentação econômica; e proteção ambiental) que incluem 25 indicadores que contemplam uma escala quantitativa de valoração (sustentabilidade alta, média ou baixa).
Na seleção de critérios e indicadores as autoras se serviram de estudos anteriores referidos à seleção, valorização e distribuição de sítios arqueológicos e paleontológicos e à análise das políticas e linhas estratégicas do “Plan Nacional del Buen Vivir”. Para aplicar a metodologia no caso concreto, as pesquisadoras aplicaram métodos qualitativos, especialmente entrevistas semiestruturadas e observações participantes.
A investigação realizada constitui um esforço das autoras para contribuir no diagnóstico de um caso em particular, mas fundamentalmente para testar uma metodologia capaz de traduzir as políticas e linhas estratégicas do “Buen Vivir” em indicadores específicos, que visam melhorar a administração dos sítios patrimoniais desde a perspectiva da sustentabilidade.
Para ler os artigos, acesse
ENDERE, M. L. and ZULAICA, M. L. Socio-cultural sustainability and “buen vivir” (good living) at heritage sites: assessment of the Agua Blanca case, Ecuador. Ambient. soc. [online]. 2015, vol.18, n.4, pp.265-290. [viewed 04th May 2016]. ISSN 1809-4422. DOI: 10.1590/1809-4422ASOC1317V1842015. Available from: http://ref.scielo.org/q9fwn5
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Ambiente e sociedade – ASOC: www.scielo.br/asoc
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