Educação superior: crescer é democratizar?

Ivar Vasconcelos, professor da Universidade Paulista, Brasília, DF, Brasil

Candido Gomes, professor da Universidade Católica de Brasília, Brasília, DF, Brasil

A tradição da educação básica, de filtragem de grupos de alunos e relações autoritárias professor-discente, se estende como uma sombra aos cursos de graduação. Nas salas de aula de dois cursos formativos de educadores, Pedagogia e Letras, prevalece ainda o monólogo, com a preocupação fundamental em transmitir conteúdos. Em outros termos, os futuros educadores se formam num modelo reprodutivo, para continuar o exemplo dos docentes de educação superior. As sombras da educação básica sobem à superior e retornam à escola básica.

Embora sejam valorizadas as relações de amizade, criatividade e respeito mútuo, persiste o autoritarismo, com a negação da capacidade crítica dos indivíduos. Apesar da preocupação de educadores e estudantes pelo desinteresse destes últimos, persistem as tendências de culpar uns aos outros pelo fracasso acadêmico. Este jogo de empurra se reflete e se renova na educação básica, num círculo de ferro. Falta rompê-lo com a pedagogia dialógica.

A pesquisa se realizou numa universidade particular, com o mergulho nas salas de aula, por meio da observação direta e da análise de projetos, currículos e programas das licenciaturas mencionadas. Neste estudo de casos múltiplos, professores e alunos foram entrevistados mais de uma vez, individualmente e em grupo, antes e depois de observar. Nesses momentos, compartilharam suas alegrias, frustrações com o paradigma vigente e propostas. Trata-se de cursos que, pela sua relegação social, recebem gerações que nunca antes trilharam a educação superior e apresentam modesto capital cultural.

Estes resultados mostram um perverso jogo de espelhos, que evidencia o esgotamento de um paradigma monológico e conteudista, incompatível com os tempos de hoje. O elo estratégico da formação de educadores para o nível básico tem a potencialidade de interromper o ciclo reprodutivo, formando-os com formadores que ajam diferentemente das tradições.

Convidamos os leitores para acessar o artigo “Pedagogia dialógica para democratizar a educação superior” publicado no volume 24, número 92 de 2016 da Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação.

Para ler o artigo, acesse

VASCONCELOS, I. C. O. and GOMES, C. A. Pedagogia dialógica para democratizar a educação superior. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. [online]. 2016, vol.24, n.92, pp.579-608. [viewed 22^th August 2016]. ISSN 0104-4036. DOI: 10.1590/S0104-40362016000300004. Available from: http://ref.scielo.org/7psmhm

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Sobre Ivair Vasconcelos

Ivair Vasconcelos

Ivair Vasconcelos tem graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí (1997). Mestrado (2011), doutorado (2014) e pós-doutorado (2015/2016) em Educação pela Universidade Católica de Brasília. É professor de educação superior e pesquisador na área de educação, com foco especialmente em sociologia da educação, didática e metodologia da pesquisa. Contato: ivcov@hotmail.com

Sobre Candido Gomes

Candido Gomes

Candido Gomes tem graduação em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1968), mestrado em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (1977) e doutorado em educação (Ph.D.) pela University of California, Los Angeles (1983). É professor de educação superior e pesquisador na área de educação, com foco especialmente em políticas e gestão da educação, atuando principalmente nos seguintes temas: políticas educacionais, sociologia da educação, democratização da educação, ensino médio, educação profissional e financiamento e custos da educação. Contato: clgomes@terra.com.br