Vera Lucia Trevisan de Souza, Docente e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, São Paulo, Brasil
Na busca por contribuir para o enfrentamento dos desafios que se apresentam ao ensino e formação de adolescentes do ensino médio público, as psicólogas Vera Lucia Trevisan de Souza, Lilian Aparecida Cruz Dugnani e Elaine de Cássia Gonçalves dos Reis desenvolveram uma pesquisa-intervenção com alunos de uma escola da periferia da cidade de Campinas, SP, cujo recorte é objeto do artigo publicado no periódico Estudos de Psicologia (Campinas, v. 35, n. 4), sob o título Psicologia da Arte: fundamentos e práticas para uma ação transformadora. As pesquisadoras demonstram que atividades de natureza artística e reflexiva promovem o interesse e envolvimento dos jovens no debate sobre temas relacionados a sua vida atual e futura. A pesquisa-intervenção envolveu 70 alunos, com idades entre 16 e 18 anos, de duas turmas do segundo ano do ensino médio noturno. Foram realizados 16 encontros ao longo de dois semestres letivos de 2017, em que se discutiu com os estudantes diversos temas de seu interesse, envolvendo a vida nas grandes cidades, suas atividades cotidianas – estudo, lazer e trabalho, suas expectativas de futuro, emprego e profissão, dentre outros. O conteúdo e dinâmica dos encontros alternaram-se em apreciação de artes visuais, filmes e documentário, audição de músicas, participação em oficinas sobre emprego e trabalho, produção de documentário, de pinturas, desenhos, músicas, poesias e biografias. Os resultados demonstram que a inserção de atividades artísticas com formas e conteúdos significativos para os adolescentes mobiliza a expressão de ideias e o envolvimento no debate de questões relacionadas a vida atual e futura. Os participantes perceberam que o futuro é produzido no presente, por diversas condicionantes e por ações das quais também participam. Constatou-se, também, a contribuição da Psicologia da arte na promoção do desenvolvimento do sujeito, em seu potencial para fazer viver e reviver emoções e pensamentos (GONZÁLEZ-REY, 2016; VYGOTSKI, 2006). Os resultados demonstram que o desinteresse dos jovens pela escola pode ser superado quando se interfere no modo como os conhecimentos lhes são apresentados e se ampliam as fontes de informação e reflexão, inserindo linguagens que favorecem os processos imaginativos e de autoria (VIGOTSKI, 1999). A pesquisa inova em duas dimensões: no método, que une a pesquisa e a intervenção como modo de mudar a realidade, e nas práticas psicológicas voltadas ao coletivo, em parceria com educadores.
Referências
GONZÁLEZ REY, F. Vygotsky’s concept of perezhivanie in The Psychology of Art and the final moments of his work: Advancing his legacy. Mind, Culture and Activity, v. 23, n. 4, p. 305-314, 2016. ISSN: 1532-7884 [reviewed 5 November 2018]. DOI: 10.1080/10749039.2016.1186196. Avaliable from: https://www.tandfonline.com/action/showCitFormats?
VIGOTSKI, L. S. Psicologia da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1999. (Originalmente publicado em 1925).
VYGOTSKI, L. S. El desarollo del pensamento del adolescente y la formación de conceptos. In: VYGOTSKI, L. S. Obras escogidas: paidologia infantil. Madrid: A. Machado Libros, 2006. v. 4, p. 11-46. (Originalmente publicado en 1931).
Para ler o artigo, acesse
SOUZA, Vera Lúcia Trevisan de; DUGNANI, Lilian Aparecida Cruz and REIS, Elaine de Cássia Gonçalves dos. Psicologia da Arte: fundamentos e práticas para uma ação transformadora. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2018, vol.35, n.4, pp.375-388. ISSN 0103-166X. [viewed 12 December 2018]. DOI: 10.1590/1982-02752018000400005. Available from: http://ref.scielo.org/ymqp5w
SOUZA, V. L. T. Intervenções psicológicas com alunos do Ensino Médio público mediadas pela Arte [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2018 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2018/12/13/intervencoes-psicologicas-com-alunos-do-ensino-medio-publico-mediadas-pela-arte/
Na busca por contribuir para o enfrentamento dos desafios que se apresentam ao ensino e formação de adolescentes do ensino médio público, as psicólogas Vera Lucia Trevisan de Souza, Lilian Aparecida Cruz Dugnani e Elaine de Cássia Gonçalves dos Reis desenvolveram uma pesquisa-intervenção com alunos de uma escola da periferia da cidade de Campinas, SP, cujo recorte é objeto do artigo publicado no periódico Estudos de Psicologia (Campinas, v. 35, n. 4), sob o título Psicologia da Arte: fundamentos e práticas para uma ação transformadora. As pesquisadoras demonstram que atividades de natureza artística e reflexiva promovem o interesse e envolvimento dos jovens no debate sobre temas relacionados a sua vida atual e futura. A pesquisa-intervenção envolveu 70 alunos, com idades entre 16 e 18 anos, de duas turmas do segundo ano do ensino médio noturno. Foram realizados 16 encontros ao longo de dois semestres letivos de 2017, em que se discutiu com os estudantes diversos temas de seu interesse, envolvendo a vida nas grandes cidades, suas atividades cotidianas – estudo, lazer e trabalho, suas expectativas de futuro, emprego e profissão, dentre outros. O conteúdo e dinâmica dos encontros alternaram-se em apreciação de artes visuais, filmes e documentário, audição de músicas, participação em oficinas sobre emprego e trabalho, produção de documentário, de pinturas, desenhos, músicas, poesias e biografias. Os resultados demonstram que a inserção de atividades artísticas com formas e conteúdos significativos para os adolescentes mobiliza a expressão de ideias e o envolvimento no debate de questões relacionadas a vida atual e futura. Os participantes perceberam que o futuro é produzido no presente, por diversas condicionantes e por ações das quais também participam. Constatou-se, também, a contribuição da Psicologia da arte na promoção do desenvolvimento do sujeito, em seu potencial para fazer viver e reviver emoções e pensamentos (GONZÁLEZ-REY, 2016; VYGOTSKI, 2006). Os resultados demonstram que o desinteresse dos jovens pela escola pode ser superado quando se interfere no modo como os conhecimentos lhes são apresentados e se ampliam as fontes de informação e reflexão, inserindo linguagens que favorecem os processos imaginativos e de autoria (VIGOTSKI, 1999). A pesquisa inova em duas dimensões: no método, que une a pesquisa e a intervenção como modo de mudar a realidade, e nas práticas psicológicas voltadas ao coletivo, em parceria com educadores.
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