Silvia de Souza Leão, Jornalista e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura da Universidade da Amazônia, Belém, PA, Brasil.
Jimena Felipe Beltrão, Jornalista e editora científica do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi — Ciências Humanas, Belém, PA, Brasil.
Capa primeiro fascículo 2020
O regime de publicação contínua imprime agilidade e beneficia todas as partes. Com ele, “não será necessário aguardar para concluir (‘fechar”, na linguagem editorial) uma edição para que ela seja publicada”, explica a editora do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi — Ciências Humanas (BMPEG — Ciências Humanas), a jornalista Jimena Felipe Beltrão. A vantagem é que “o artigo pronto não terá que aguardar os demais para ser publicado. A agilidade beneficia a todos, a ciência e a sociedade agradecem”, argumenta.
Dentre os artigos de estreia do novo sistema, estão discussões centradas na região amazônica brasileira desde tempos coloniais até a atualidade.
Terra e índios na Amazônia são tema que não se esgota. O artigo de Rafael Chambuleyron, “Ruralidades indígenas na Amazônia colonial”, discute a estratégia indígena de construção de “espaços de autonomia por meio da agricultura”. Segundo argumenta o autor, “se a colonização implicou um processo de apagamento dos espaços e das práticas agrícolas indígenas, os índios conseguiram construir novas práticas ou legitimar novos espaços de produção agrícola, no interior do próprio mundo colonial” (p. 1).
Ainda sobre a região e com origem nos estudos de mídia, “Amazônia em pedaços: discursos sobre a divisão do Pará no jornal Correio do Tocantins”, de Thaís Braga e Alda Dantas, analisa a onda separatista que pautou o cenário político regional a partir dos anos 1980. Utilizando conteúdos de matérias jornalísticas em veículos regionais, as autoras desvendam discursos sobre a geopolítica que privilegiam regiões como a da província mineral localizada na Serra dos Carajás e a ascensão da capital do estado do Maranhão, indicando ainda o “embate entre as elites de Marabá e os governos estadual e federal”.
A publicação científica está no cerne da produção de conhecimento. É por meio da divulgação de pesquisas (dentro de um dado padrão de qualidade que conta com a análise e o julgamento por seus pares), que cientistas legitimam seu trabalho diante do mundo acadêmico e da sociedade.
De acordo com a editora do periódico, “a publicação de um artigo científico pode ser um processo mais ou menos demorado: na atualidade o tempo entre submissão e aprovação no BMPEG — Ciências Humanas pode chegar a cinco meses”. Mas já foi muito mais demorado. Submissões, como os artigos publicados na mais recente edição, são feitas através de plataformas digitais, a exemplo da que o BMPEG — Ciências Humanas utiliza: a plataforma ScholarOne. “Em muito se ganhou com a implementação da plataforma eletrônica, ao se eliminar o papel dos processos físicos, por exemplo. Além disso, os registros ficam acessíveis e são recuperados no sistema com rapidez”, explica Jimena. Não sem dificuldades foi o início do uso da ferramenta, já que autores e editores viveram uma fase de aprendizado. Passados quatro anos, porém, é difícil pensar no gerenciamento de uma média de 150 processos ao ano de outra forma que não a plataforma disponível na página do periódico. O recurso foi implementado na gestão de Hein van der Voort como editor, hoje coordenador de Ciências Humanas do Museu.
Processamento e tratamento editorial
A fase de produção editorial pela qual o artigo aprovado deve passar antes da publicação final, inclui verificação e normalização bibliográfica, revisão ortográfica e formatação. Na normalização, além da padronização das referências na norma adotada pela publicação, verifica-se a informação que consta em cada uma delas para que o leitor possa buscar e encontrar o livro, o artigo ou outro tipo de fonte bibliográfica. A revisão ortográfica também é de responsabilidade de ambas: da autoria e do periódico. Já a formatação e a diagramação (na linguagem editorial), que faz a disposição física do texto e das imagens de acordo com o projeto gráfico, é de total responsabilidade do periódico. (BELTRÃO; SILVA, 2018, 2019).
Para conhecer melhor os trâmites e um pouco da história editorial mais recente do BMPEG — Ciências Humanas, é possível consultar a produção acadêmica realizada no próprio Núcleo Editorial – Boletim, do Museu, que se dedica a refletir sobre o contexto editorial do periódico e prepara um guia sobre o processamento editorial.
CHAMBOULEYRON, R.; ARENZ, K. H. and MELO, V. S. de. Ruralidades indígenas na Amazônia colonial. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum. [online]. 2020, vol. 15, no. 1, e20190027, ISSN 1981-8122 [viewed 21 February 2020]. DOI: 10.1590/2178-2547-bgoeldi-2019-0027. Available from: http://ref.scielo.org/czn3nr.
BRAGA, T. L. C. and COSTA, A. C. Amazônia em pedaços: discursos sobre a divisão do Pará no jornal Correio do Tocantins. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Ciênc. hum. [online]. 2020, vol. 15, no. 1, e20190046, ISSN 1981-8122 [viewed 21 February 2020]. DOI: 10.1590/2178-2547-bgoeldi-2019-0046. Available from: http://ref.scielo.org/hqj2xy.
LEÃO, S. de S. and BELTRÃO, J. F. Novo sistema de publicação de artigos científicos é adotado pelo Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2020 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2020/03/12/novo-sistema-de-publicacao-de-artigos-cientificos-e-adotado-pelo-boletim-do-museu-paraense-emilio-goeldi/
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