Guilherme Fowler de A. Monteiro, Docente no Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, São Paulo, SP, Brasil.
Silvia Morales de Q. Caleman, Docente na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, Brasil.
Leandro S. Pongeluppe, Doutorando na University of Toronto, Canadá.
A forma como os planos de recuperação judicial são desenhados desempenha alguma influência sobre a retomada das empresas? Os pesquisadores Guilherme Fowler de A. Monteiro, Silvia Morales de Q. Caleman e Leandro S. Pongeluppe buscam responder a essa pergunta no artigo “Firm Performance and the Strategic Components of Bankruptcy Reorganization Plans”, publicado no periódico BAR – Brazilian Administration Review (v. 16, n. 4).
Utilizando a metodologia de análise comparativa qualitativa (QCA), os autores realizaram uma investigação aprofundada de um conjunto de planos de recuperação apresentados por empresas brasileiras de capital aberto que recorreram à Lei n. 11.101/05 (Lei de Falências). Encontram-se evidências de que a melhoria no desempenho da empresa está relacionada com a apresentação de um plano de recuperação que contenha: (i) um bom diagnóstico dos fatores que contribuíram para a crise vivenciada pela organização; (ii) uma clara definição dos recursos internos da firma; (iii) a identificação das suas forças competitivas. Também, identifica-se que a ausência de uma robusta análise da estrutura da indústria é um fator crítico para que um plano não seja bem-sucedido. A principal conclusão, portanto, é que o plano de recuperação judicial deve ser detalhado em suas dimensões estratégicas, indo muito além de um simples storytelling sobre as razões da crise corporativa.
Para se incorporar dimensões estratégicas nos planos de recuperação judicial, torna-se necessária uma maior participação de stakeholders no desenvolvimento e na implementação dos planos, conforme defendido por Baldiga (1996) e Arogyaswamy, Barker e Yasai-Ardekani (1995). De modo geral, a efetiva recuperação de uma empresa implica ter gestores que olham além dos aspectos puramente financeiros e, portanto, consideram as demandas dos stakeholders externos e internos da firma.
O estudo apresenta importantes implicações gerenciais. A mais importante é que aqueles envolvidos com o processo de recuperação judicial da empresa devem efetivamente se envolver e atentar para a formulação dos planos de recuperação judicial. Um plano que somente discorra sobre as ações de recuperação ou sobre o diagnóstico da crise enfrentada pela empresa é como um livro rasgado, em que faltam páginas importantes para a sua plena compreensão. Gestores devem devotar tempo para analisar e comunicar sobre os recursos da firma e sobre as forças do mercado que lapidam as decisões estratégicas. Em síntese, os planos de recuperação judicial devem incorporar um olhar estratégico da organização para com seus stakeholders, indo além de um mero instrumento operacional exigido pela Justiça para o andamento do processo.
Referências
AROGYASWAMY, K., BARKER, V. L. and YASAI-ARDEKANI, M. Firm turnarounds: an integrative two-stage model. Journal of Management Studies [online]. 1995, vol. 32, no. 4, pp. 493-525, ISSN: [viewed 08 March 2015]. DOI: 10.1111/j.1467-6486.1995.tb00786.x. Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1467-6486.1995.tb00786.x
BALDIGA, N.R. Is this plan feasible? An empirical legal analysis of plan feasibility. Commercial Law Journal [online]. 1996, vol. 101, no. 2, pp. 115-133, ISSN: 0010-3055 [viewed 08 March 2015]. Available from: https://heinonline.org/HOL/LandingPage?handle=hein.journals/clla101&div=13&id=&page
Para ler o artigo, acesse
MONTEIRO, G.F.A., CALEMAN, S.M.Q., and PONGELUPPE, L.S. Firm performance and the strategic components of bankruptcy reorganization plans. Brazilian Administration Review [online]. 2020, vol. 16, no. 4, e190072, ISSN: 1807-7692 [viewed 08 March 2015]. DOI: 10.1590/1807-7692bar2019190072. Available from: http://ref.scielo.org/tn3c23
Links externos
Brazilian Administration Review – BAR: www.scielo.br/bar/
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