O capitalismo contemporâneo por olhares diversos

Stefan Fornos Klein e Tânia Mara Campos de Almeida, Docentes do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e integrantes da equipe editorial da Sociedade e Estado, Brasília, DF, Brasil.  

Imagem: Kai Pilger.

Como pensar o capitalismo contemporâneo? Pergunta levantada por Fabrício Maciel (Universidade Federal Fluminense) e Patrícia Mattos (Universidade Federal de São João del-Rei), organizadores do dossiê “Multiplicidade de interpretações do capitalismo contemporâneo”, publicado pelo periódico Sociedade e Estado (vol. 35, no. 3), traz a resposta advinda de uma miríade de reflexões sofisticadas, que se mantêm afinadas ao solo de onde encontra-se grande parte de seus autores e suas referências intelectuais, o Atlântico Norte, mas com ampliação e diálogo suficientes para abordar e contribuir com problemáticas transversais ao planeta, em especial presentes ao contexto sociológico brasileiro.

O primeiro artigo “Capitalism and inequality”, de Boike Rehbein, trata de algumas dimensões da desigualdade sob a égide do capitalismo. O autor, referência nesse debate, apresenta reflexão teórica bem embasada. Ao enfatizar a centralidade dos temas da classe e da desigualdade, atualiza o diagnóstico acerca de como se dá a produção de desigualdade no capitalismo contemporâneo.

Josué Pereira da Silva, em “Do tempo escolhido aos fins do sono: tempo de trabalho e renda básica no capitalismo tardio”, discute os ditames de como o capitalismo pressiona os usos do tempo e interfere, assim, sobre o cotidiano e a vida das pessoas. Apresenta um balanço da literatura desde os anos 1970 e centra-se nos efeitos das recorrentes medidas de desregulamentação das relações de trabalho no Brasil atual. A análise se vincula, igualmente, a fundamentar a relevância de programas de renda básica nesse cenário.

No artigo “Trabalho decente no capitalismo contemporâneo: dignidade e reconhecimento no microtrabalho por plataformas”, Cinara Rosenfield e Thays Wolfarth Mossi debatem o capitalismo de plataformas, delineando interessante discussão ao confrontarem as ideias do Bureau Internacional do Trabalho, visando tornar o microtrabalho mais justo, com a concepção de trabalho decente da Organização Internacional do Trabalho. Enfatizam, em particular, a dimensão do reconhecimento como vital para se garantir dignidade a este tipo de trabalho.

Jacob Carlos Lima, em “A globalização periférica e a ressignificação dos lugares”, parte de análise empírica voltada ao Brasil, especialmente ao Nordeste, para pensar teoricamente aspectos envolvendo diferentes reconfigurações industriais detentoras de uma dinâmica de desterritorialização. O foco são as indústrias têxtil, de software e automotiva. É basilar em seu argumento atentar às formas de integração aos fluxos globais de acumulação permitindo, assim, problematizar os termos em que se dá a pluralidade das globalizações.

Por fim, a reflexão de Thomas Kühn, Daniela Gomes Alcoforado e Miriam Leite Farias em “New normalcy? Consumption and identity between reproduction of social inequalities and social transformation in Brazil” apresenta, dialogando com a teoria crítica psicanalítica, resultados quanto aos efeitos que o contexto pandêmico produziu sobre as formas de consumo e identidade no país. Recorrendo a entrevistas por meio remoto, apontam maneiras por meio das quais ocorrem impactos sobre a reprodução de desigualdades e as possibilidades de transformação social, notando a polarização entre consumo e isolamento nessa pandemia.

Para ler os artigos, acesse

KUHN, T. et al. New Normalcy? Consumption and identity between reproduction of social inequalities and social transformation in Brazil. Soc. estado. [online]. 2020, vol.35, n.3 [viewed 26 January 2021]. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202035030006. Available from: http://ref.scielo.org/cv7msg

LIMA, J. C. A globalização periférica e a ressignificação dos lugares. Soc. estado. [online]. 2020, vol.35, n.3 [viewed 26 January 2021]. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202035030005. Available from: http://ref.scielo.org/s3k3m7

REHBEIN, B. Capitalism and inequality. Soc. estado. [online]. 2020, vol.35, n.3 [viewed 26 January 2021]. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202035030002. Available from: http://ref.scielo.org/wb5hvz

ROSENFIELD, C.  et al. Trabalho decente no capitalismo contemporâneo: dignidade e reconhecimento no microtrabalho por plataformas. Soc. estado. [online]. 2020, vol.35, n.3 [viewed 26 January 2021]. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202035030004. Available from: http://ref.scielo.org/j29ntn

SILVA, J. P. Do tempo escolhido aos fins do sono: tempo de trabalho e renda básica no capitalismo tardio. Soc. estado. [online]. 2020, vol.35, n.3 [viewed 26 January 2021]. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202035030003. Available from: http://ref.scielo.org/3ks8b9

Links Externos:

Associação latino-americana de estudos sobre o trabalho: https://alast.com.br/

NUESDE: núcleo de novos estudos sobre desigualdade social /CNPq: https://pt-br.facebook.com/nuesde/

Sociedade e Estado – SE: www.scielo.br/se

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

KLEIN, S. F. and ALMEIDA, T. M. C. O capitalismo contemporâneo por olhares diversos [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2021 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2021/01/26/o-capitalismo-contemporaneo-por-olhares-diversos/

 

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Post Navigation