Giovanna Parise, estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Bolsista PIBIC (CNPq-UFRGS). Porto Alegre,RS, Brasil.
Como a metodologia se insere na pesquisa em Comunicação? Como tornar o seu aprendizado uma instância produtiva e produtora aos sujeitos pesquisadores? Por que ela é uma dimensão muitas vezes temida por pesquisadores em formação?
A partir desses questionamentos, no artigo “Atravessamentos metodológicos na pesquisa em Comunicação”, publicado na Revista Brasileira de Ciências da Comunicação (v. 44, n. 2), Laura Wottrich provoca a pensar sobre a centralidade da metodologia na construção da pesquisa e do sujeito pesquisador, que vai muito além de uma mera formalidade. Sem ignorar os desafios que afastam os pesquisadores da metodologia, no texto são propostas alternativas necessárias para superar o entrave que a autora, como professora, já escutou muitas vezes: “Eu queria muito pesquisar esse tema, mas aí tem a metodologia…”
O estudo aborda a metodologia como uma processualidade na construção de conhecimento de forma ampla, e não restrita a um conjunto de prescrições formais que validam um trabalho como sendo “científico”. Essa percepção restrita, que limita a metodologia a algo parecido com uma bula, se relaciona, no cenário atual, no Campo da Comunicação, com a ausência de detalhamentos sobre a metodologia em trabalhos acadêmicos, os poucos títulos sobre o tema e, também, com a falta de consensos sobre o lugar da dimensão metodológica nos trabalhos. Para discutir esse cenário, a análise se desdobra em três atravessamentos: epistemológicos, políticos e subjetivos.
Os epistemológicos dizem respeito à constituição da Comunicação como campo. A autora traz argumentos para desmontar a ideia rígida de metodologia e vê-la como sistema reflexivo. Para isso, é preciso entender os atravessamentos políticos, que explicam, em parte, porque criam-se as noções prescritivas de metodologia, como um checklist de ações a serem feitas em um determinado prazo. Segundo a autora, a rigidez metodológica relaciona-se também à escolha de metodologias hegemônicas, mesmo que, muitas vezes, elas sejam incompatíveis com o estudo – e utilizadas apenas pelo fato de serem já consagradas. Por fim, os subjetivos são vistos como uma oportunidade, principalmente em sala de aula, de despertar no aluno uma tomada de consciência sobre sua própria subjetividade, a fim de objetivá-la: parte fundamental da pesquisa científica.
A partir disso, o texto convoca o leitor a pensar no lugar da metodologia na produção de conhecimento, especialmente na Comunicação. Apesar dos atravessamentos e da complexidade da metodologia, é na coletividade que a autora indica uma possibilidade de mudança, a começar pelo debate das ideias compartilhadas no texto.
Para ler o artigo, acesse
WOTTRICH, L. Atravessamentos metodológicos na pesquisa em Comunicação. Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação [online]. 2021, vol.44, no.02, pp.21-33 [viewed 07 October 2021]. https://doi.org/10.1590/1809-5844202121. Available from: http://ref.scielo.org/vj34gd
Links externos
Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação – INTERC: https://www.scielo.br/interc/
Laura Wottrich: https://ufrgs.academia.edu/LauraWottrich
Revista da Sociedade Brasileira de Ciências da Comunicação: http://www.portcom.intercom.org.br/revistas/index.php/revistaintercom/
WOTTRICH, L., et al. A definição do problema e dos objetivos de pesquisa: reflexões sobre o fazer metodológico na Comunicação. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 42., 2019, Belém. Anais. São Paulo: Intercom, 2019: https://portalintercom.org.br/anais/nacional2019/resumos/R14-1239-1.pdf
WOTTRICH, Laura et al. A metodologia na prática de pesquisa em Comunicação: análise de teses e dissertações da região sul. In: Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 43., 2030, Salvador. Anais[…] São Paulo: Intercom, 2020: http://www.intercom.org.br/sis/eventos/2020/resumos/R15-2520-1.pdf
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