Guilherme de Moura Cunha, Bacharel em Linguística pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, GO, Brasil.
Joana Plaza Pinto, Pesquisadora do CNPq e Professora titular da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, GO, Brasil.
Quais são as razões e intenções para se publicar no meio acadêmico? Queremos dialogar com os pares e compartilhar conhecimento com a sociedade mais ampla. Mas como fazer isso de forma sustentável e democrática? O ensaio de Jan Blommaert, The power of free: in search of democratic academic publishing strategies, publicado em formato bilíngue inglês-português por Trabalhos em Linguística Aplicada, procura debater estratégias de publicação acadêmica em meio ao monopólio do mercado editorial e à pressão institucional de governos e agências de financiamento pela publicização de resultados de pesquisa.
Para subverter esse sistema editorial, que se beneficia de formas neoliberais de exploração do trabalho científico, Blommaert defende alternativas antenadas com a Web 2.0 para que os(as) próprios(as) autores(as) possam dialogar, sem restrições, com seus pares e permitir uma circulação de conhecimento mais ampla que beneficie toda a sociedade.
O autor denuncia as políticas de preço exorbitantes impostas por editoras aos(às) autores(as), que buscam meios de divulgar suas pesquisas na academia. Além de restringir o acesso a qualquer leitor(a) interessado(a) pelo conhecimento que circula nos textos acadêmicos, esse sistema, extraordinariamente lucrativo para essas empresas, compromete padrões de qualidade na publicação devido à interminável necessidade de responder às exigências institucionais. Os artigos não devem ser vistos como um mero produto comercializável, à disposição das editoras, que se apropriam unilateralmente de seus direitos autorais.
Imagem: Oded Rechavi (Universidade de Tel Aviv), uso autorizado pelo autor.
Quais são as alternativas que descentralizam o papel das editoras na distribuição dos textos e o transferem aos(às) autores(as)? Com a revolução da Web 2.0, autores(as) passaram a ter mais autonomia no controle de todo o ciclo de produção e circulação dos resultados de suas pesquisas. O uso da licença Creative Commons e a publicação em periódicos online, plataformas públicas de aprendizado e plataformas acadêmicas de compartilhamento permitem não somente o trânsito mais veloz de conhecimento, mas também o direcionamento a públicos-alvo – todos recursos de baixo custo e de acesso livre e irrestrito.
O futuro verdadeiramente democrático da publicação acadêmica deve se afastar das amarras das editoras-empresas e se ancorar na autonomia dos próprios(as) pesquisadores(as) para que seus trabalhos sejam realmente lidos e apreciados. O ambiente digital, com a velocidade e amplitude desejadas, constrói um espaço mais sustentável (e saudável) de trocas de conhecimento que circula na academia e, por consequência, acelera e dá mais consistência aos avanços da ciência.
Blommaert era professor titular da Universidade de Tilburg, na Holanda, quando faleceu em janeiro de 2021. Este ensaio foi originalmente escrito em 2014.
CUNHA, G.M and PINTO, J.P. Pagar pelo conhecimento ou compartilhar o conhecimento? [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2022 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2022/08/30/pagar-pelo-conhecimento-ou-compartilhar-o-conhecimento/
Quais são as razões e intenções para se publicar no meio acadêmico? Queremos dialogar com os pares e compartilhar conhecimento com a sociedade mais ampla. Mas como fazer isso de forma sustentável e democrática? O ensaio de Jan Blommaert, The power of free: in search of democratic academic publishing strategies, publicado em formato bilíngue inglês-português por Trabalhos em Linguística Aplicada, procura debater estratégias de publicação acadêmica em meio ao monopólio do mercado editorial e à pressão institucional de governos e agências de financiamento pela publicização de resultados de pesquisa.
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