Diego dos Santos Reis, Professor adjunto do Departamento de Fundamentação da Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), João Pessoa, PB, Brasil.
Os estudos das relações raciais no Brasil, nas últimas décadas, têm sido impulsionados por uma série de abordagens que atestam um deslocamento importante nas pesquisas. A emergência de novas pautas e de sujeitos políticos que tensionam as agendas da educação superior brasileira pode ser entendida, nesse contexto, a partir do esforço de construção de alternativas que impõem problematizar as premissas, os privilégios e os silêncios das áreas, pautadas por perspectivas eminentemente eurocentradas.
No que diz respeito à universidade enquanto espaço de produção de conhecimento socialmente referenciado, para compreender a história da institucionalização de suas práticas e da consolidação de um único repertório a ser universalizado, revestido pela legitimidade dos critérios de cientificidade instituídos pela modernidade europeia, é preciso colocar em questão o seu reverso: que experiências e saberes foram inferiorizados para que se afirmasse a cultura europeia como modelo privilegiado do conhecimento mundial? E, finalmente, qual é a função desempenhada pelo racismo e pelo sexismo na consolidação dessa geopolítica do conhecimento, que institui centros e periferias, hierarquias epistêmicas, sexuais e raciais?
O ensaio A colonialidade do saber: perspectivas decoloniais para repensar a univers(al)idade, publicado no periódico Educação & Sociedade (vol. 43), ao tematizar os paradigmas que norteiam os currículos e as práticas das instituições de ensino superior brasileiras busca desvelar as dinâmicas e os imaginários que sustentam não apenas o sistema de ensino, mas que também reforçam as relações de poder hegemônicas e desiguais. Essas referências, que definem modelos, identidades e diferenças, são problematizadas pela via da análise das relações raciais – e coloniais -, que atravessam o campo da educação superior.
O texto indica as práticas de resistência que se instituem nas disputas político-epistêmicas travadas por diversos movimentos de descolonização e no questionamento às estruturas racistas e sexistas que definem hierarquias de conhecimentos e de humanidades. O potencial emancipatório desse movimento de resistência, teórico e prático, como indica a pesquisa, revela-se no deslocamento em relação aos centros privilegiados de produção do conhecimento e nos processos contra-hegemônicos de afirmação das epistemologias subalternizadas e dos sujeitos que as produzem.
Se a descolonização da educação universitária não é tarefa simples, as revisões críticas da história da universidade brasileira têm indicado o exercício permanente – e incondicional – dessa prática, com o enfrentamento intransigente ao racismo e ao sexismo acadêmicos. Trata-se, portanto, de responder tanto aos anseios da sociedade em transformação quanto às lutas históricas de movimentos sociais e coletivos, que reordenam os enunciados e as práticas nos espaços institucionais de saber/poder.
A seguir, assista ao vídeo de Diego dos Santos Reis ampliando a discussão sobre a questão racial na universidade brasileira e a descolonização dos saberes.
Para ler o artigo, acesse
REIS, D.S. A colonialidade do saber: perspectivas decoloniais para repensar a univers(al)idade. Educ. Soc. [online]. 2022, vol. 43, e240967 [viewed 31 August 2022]. https://doi.org/10.1590/ES.240967. Available from: https://www.scielo.br/j/es/a/V4NXjqDTzVTkVLRXQyDfdyQ/.
Links externos
Travessias – Grupo de Pesquisa em Filosofia, Educação e Decolonialidade (UFPB/CNPq): http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/9852367705857376
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